Internacional
12 agosto 2022 às 13h15

Ex-chanceler alemão apresenta recurso contra a retirada dos privilégios políticos

O Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão, decidiu, em maio, retirar ao ex-chanceler social-democrata (1999-2005) alguns dos privilégios como ex-líder político, incluindo o uso de instalações e um orçamento para contratar funcionários. No total, essas prerrogativas custam ao estado alemão mais de 389 mil euros por ano

DN/AFP

O ex-líder do governo alemão, Gerhard Schröder, cuja proximidade com Vladimir Putin gerou polémica, apresentou recurso contra a decisão da câmara baixa da Alemanha por retirar parte dos privilégios políticos que tinha, anunciou o advogado do ex-chanceler nesta sexta-feira (12) à AFP.

A notícia sobre um recurso no tribunal é "correta", disse o advogado Michael Nagel. Um porta-voz do tribunal administrativo de Berlim confirmou a receção do recurso.

O Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão, decidiu, em maio, retirar ao ex-chanceler social-democrata (1999-2005) alguns dos privilégios como ex-líder político, incluindo o uso de instalações e um orçamento para contratar funcionários. No total, essas prerrogativas custam ao estado mais de 400 mil dólares (cerca de 389 mil euros) por ano.

Os deputados explicaram na época "que estavam a aplicar as consequências do comportamento (...) diante da invasão russa da Ucrânia".

Mas o advogado disse nesta sexta-feira (12) na rádio pública regional NDR que a decisão era "ilegal" e que o cliente a "descobriu pelos media".

Gerhard Schröder também não teve a oportunidade de se explicar perante a comissão parlamentar encarregada do assunto, segundo Nagel. Por sua vez, o Bundestag não se pronunciou sobre o recurso de Schröder.

O ex-chanceler alemão de 78 anos mantinha um relacionamento próximo com o presidente russo desde os anos 2000, tendo mesmo descrito Putin em 2004 como um "democrata perfeito". Mentor do atual chanceler social-democrata Olaf Scholz, deixou o conselho de administração da petrolífera russa Rosneft em maio e explicou que tinha renunciado ainda ao lugar no conselho de supervisão da gigante do gás Gazprom.

O ex-chanceler também está fortemente envolvido no Nord Stream AG, os controversos gasodutos que ligam a Rússia e a Alemanha.

Cerca de 15 secções locais do Partido Social Democrata pediram sanções contra Schröder, incluindo a exclusão do partido. Mas, na passada segunda-feira (8), o partido decidiu mantê-lo entre os filiados.