Internacional
11 junho 2021 às 11h28

Crime em Tenerife. Polícia procura a menina mais nova atirada ao mar pelo pai

Na quinta-feira foi encontrada Olivia, de seis anos, dentro de um saco desportivos que tinha sido atirado ao mar. Agora, a polícia centra atenções na procura de Anna, de um ano. Tomás Gimeno, o pai e presumível autor do crime, também está desaparecido.

DN

A polícia espanhola está a fazer buscas para encontrar Anna, a menina de um ano, que tal como a irmã mais velha terá sido largada ao mar, ao largo de Tenerife, pelo pai Tomás Gimeno. O corpo de Olivia, de seis anos, foi encontrado na tarde de quinta-feira, durante as buscas realizadas pelo robô Ángeles Alvariño. A menina estava dentro de um saco desportivo, amarrado a uma âncora. Foi encontrada 40 dias depois de uma busca intensa.

No local foi encontrado um segundo saco desportivo vazio, informou o Tribunal Superior de Justiça das Canárias, e as buscas vão continuar no local por Anna e pelo próprio Tomás Gimeno, que ter-se-á suicidado.

O caso de Anna e Olivia começou a 27 de abril, quando foram sequestradas pelo pai, Tomás Gimeno, que foi buscar as filhas às 17 horas e deveria tê-las deixdo novamente em casa, com a mãe Beatriz Zimmerman, às 21.00 horas desse dia, mas não foi isso que aconteceu. Após uma conversa ao telefone, Tomás avisou a mãe das meninas de que não voltaria a vê-las nem a ele.

Na tarde de quarta-feira o barco de Tomás Gimeno apareceu à deriva e vazio em frente ao Puertito de Guímar, em Santa Cruz de Tenerife, nas Ilhas Canárias. Foi então iniciado um grande dispositivo de buscas, tendo no dia seguinte sido encontrada uma cadeirinha de bebé, que pertencia a Anna.

Também as câmaras do Puerto Deportivo Marina Tenerife capturaram Tomás Gimeno no dia do desaparecimento, a chegar ao cais com o seu carro e a fazer várias viagens entre o veículo e o barco, com malas e roupas. Mais tarde o pai das meninas foi velejar e voltou uma hora e meia depois, para carregar o veículo e à meia-noite e meia zarpou pela última vez.

A Guarda Civil espanhola fez buscas na casa, no barco e no carro de Tomás Gimeno mas não encontrou nada que pudesse indicar o seu paradeiro, bem como o das filhas. O Tribunal de Primeira Instância e Instrução n.º 3 de Guímar declarou a investigação sob sigilo sumário.

A Guarda Civil considerou duas hipóteses desde o início: que o pai poderia ter fugido com a ajuda de terceiros ou que os corpos de Olivia e Anna poderiam ter sido atirados para o fundo do mar. Foi esta segunda hipótese que levou a polícia a pedir apoio ao Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO), que utilizando o navio Ángeles Alvariño, acabou por encontrar o corpo de Olivia.

A descoberta gerou reações em toda a sociedade espanhola, desde o presidente do governo Pedro Sánchez, até aos dirigentes dos vários partidos políticos.

Para tentar perceber o paradeiro do pai e da filhas, a polícia começou a fazer um retrato psicológico de Tomás Gimeno e a recolher dados sobre crimes anteriores que ele possa ter cometido.

Tomás Gimeno, de 37 anos, é natural de Tenerife, e é o único administrador de várias empresas do setor de flores e plantas, propriedade da sua família. Vem de uma família abastada, tendo mesmo uma das melhores condições económicas e sociais da ilha. Tomás não tinha, no entanto, uma boa relação com a família e chegou mesmo a protagonizar conflitos com alguns membros.

Segundo vários meios de comunicação, a separação entre Tomás Gimeno e Beatriz Zimmerman foi complicada e envolveu alguns confrontos. Algumas fontes dizem mesmo que Tomás ficou incomodado com o facto de a sua ex-companheira ter avançado com a sua vida, com outra pessoa. O fim da relação foi ditado pela infidelidade de Tomás durante a relação, mas principalmente durante a segunda gravidez de Beatriz.

O que se sabe até agora aponta para um caso de violência vicária, que consiste em causar danos e mesmo matar os filhos do casal para torturar as mães. O único propósito destes crimes é causar o maior dano possível às mães, tirando-lhes aquilo que mais amam.

A Guarda Civil acha mesmo que o barco ter sido deixado à deriva foi um truque de Tomás Gimeno para que a mãe das meninas nunca soubesse o que aconteceu. Também surgiu a hipótese de que o pai ter drogado as filhas antes de as matar, apesar de as buscas em sua casa não terem revelado a existência de ansiolíticos ou outros tipos de drogas. Os únicos medicamentos encontrados foram analgésicos que Tomás tomava devido a uma lesão nas costelas há alguns meses.

Já está a ser feita a autópsia ao corpo de Olivia, que será decisiva para saber se as meninas foram mesmo drogadas antes de serem mortas. Os investigadores acreditam nesta hipótese por não ter sido encontrado sangue em nenhum dos pontos por onde Tomás Gimeno passou.

A polícia acredita também que o corpo de Anna estará perto de onde Olivia foi encontrada, mas ainda não sabe onde poderá estar o pai.