Um tumulto num jogo de futebol entre o Arema FC e o Persebaya Surabay, do campeonato indonésio, fez vários mortos. De acordo com as autoridades, estão confirmados, para já, pelo menos 125 vítimas mortais e 323 feridos.
Há pelo menos 323 feridos. Dois polícias foram mortos. Situação obrigou à interrupção do campeonato durante uma semana. Gianni Infantino diz que se trata de "uma tragédia além da compreensão".
Um tumulto num jogo de futebol entre o Arema FC e o Persebaya Surabay, do campeonato indonésio, fez vários mortos. De acordo com as autoridades, estão confirmados, para já, pelo menos 125 vítimas mortais e 323 feridos.
Os adeptos do Arema FC no estádio Kanjuruhan invadiram o relvado depois da sua equipa ter perdido por 3-2 para a equipa visitante e rival, Persebaya Surabaya. A polícia, que descreveu os distúrbios como "motins", disse que tentou levar os adeptos de volta às bancadas e disparou gás lacrimogéneo após dois polícias terem sido mortos. Muitas das vítimas foram pisadas ou sufocadas até a morte, segundo a polícia. Este foi um dos desastres desportivos mais mortais do mundo.
Gianni Infantino, presidente da FIFA, já veio dizer que este foi "um dia negro para todos os envolvidos no futebol e uma tragédia além da compreensão".
Penembakan gas air mata salah satu penyebab puluhan jiwa tewas di stadion kanjuruhan. STOP KOMPETISI ATAS DASAR KEMANUSIAAN! Cc ?ref_src=twsrc%5Etfw">October 1, 2022
Entretanto, Federação Portuguesa de Futebol decretou este domingo a realização de um minuto de silêncio nas competições por si organizadas, nomeadamente a Taça de Portugal, em memória das vítimas da tragédia ocorrida na Indonésia. "Foi com enorme estupefação e um sentimento de profunda dor, mas também de revolta que tive conhecimento dos acontecimentos de proporções trágicas ocorridos num estádio na Indonésia", disse o presidente da FPF, Fernando Gomes, sublinhando que "um estádio de futebol deve ser palco de festa e alegria e nunca de violência e morte".
A Liga Portugal também anunciou um minuto de silêncio no início dos jogos da 8.ª jornada da I Liga.
Ao início da manhã deste domingo, as autoridades indonésias tinham anunciado 174 mortos na sequência deste incidente, mas já durante a tarde corrigiram o balanço para 125, justificando o engano com "um erro no registo" nos hospitais que tratavam as vítimas". Ainda assim, trata-se de uma das piores tragédias de sempre num estádio de futebol, depois dos 318 mortos em confrontos entre adeptos do Peru e da Argentina no Estádio Nacional de Lima, em 1964.
"Os polícias dispararam gás lacrimogéneo e automaticamente as pessoas correram para sair, empurrando-se umas às outras, causando muitas vítimas", disse à AFP o espectador Doni, de 43 anos, que não quis revelar seu sobrenome. "Nada estava a acontecer, não havia tumulto. Não sei qual era o problema, de repente eles dispararam gás lacrimogéneo. Foi isso que me chocou, eles não pensaram nas crianças e nas mulheres?"
O presidente Joko Widodo ordenou uma investigação sobre a tragédia, uma revisão de segurança em todos os jogos de futebol e ordenou que a associação de futebol do país suspendesse todos os jogos até que "melhorias de segurança" fossem concluídas.
"Lamento profundamente esta tragédia e espero que esta tragédia no futebol seja a última no nosso país", disse Widodo.
Um diretor do hospital disse à TV local que uma das vítimas tinha cinco anos.
Imagens tiradas de dentro do estádio durante a debandada mostraram a polícia a disparar grandes quantidades de gás lacrimogéneo e pessoas a subir as cercas. Algumas pessoas carregavam adeptos feridos no meio ao caos.
"Foi tão aterrorizante, tão chocante", disse à AFP Sam Gilang, de 22 anos, que perdeu três amigos. "As pessoas estavam empurrar-se e... muitas foram pisadas no caminho para o portão de saída. Os meus olhos estavam a queimar por causa do gás lacrimogéneo. Felizmente consegui subir cerca e sobrevivi", disse.
Imagens de vídeo que circulavam nas redes sociais mostravam pessoas a gritar obscenidades para a polícia, que segurava escudos anti-motim e cassetetes. Veículos incendiados, incluindo um caminhão da polícia, encheram as ruas do lado de fora do estádio na manhã de domingo.
At least 174 people have been killed after a riot at a football match in Indonesia.
Warning: This video contains images and descriptions of distressing incidents pic.twitter.com/ww3cOJK6UH- Sky Sports News (@SkySportsNews) ?ref_src=twsrc%5Etfw">October 2, 2022
A polícia disse que 13 veículos no total foram danificados.
O estádio tem capacidade para 42.000 pessoas e as autoridades disseram que estava lotado. A polícia disse que 3.000 pessoas invadiram o campo.
A violência dos fãs é um problema persistente na Indonésia, onde rivalidades profundas já se transformaram em confrontos mortais. Arema FC e Persebaya Surabaya são rivais de longa data.
Os adeptos do Persebaya Surabaya não foram autorizados a comprar bilhetes para o jogo devido ao medo de violência. No entanto, o ministro coordenador para assuntos políticos, jurídicos e de segurança da Indonésia, Mahfud MD, disse que os organizadores ignoraram a recomendação das autoridades de realizar o jogo à tarde em vez de à noite. Disse ainda que o governo recomendou que apenas 38.000 bilhetes fossem impressos, mas havia uma multidão de 42.000 pessoas.
This is probably the worst tragedy in football history. It"s being reported around 127 dead, nearly 200 injured in a football stadium in Indonesia pic.twitter.com/ZP83QeU5rz- Eric Njiru (@EricNjiiru) ?ref_src=twsrc%5Etfw">October 2, 2022
Perante os acontecimentos, a liga indonésia confirmou numa publicação no Twitter que o campeonato está suspenso durante uma semana, enquanto decorre uma investigação.
Segundo informa a entidade, há também "várias estruturas" que ficaram danificadas dentro do estádio. "Estamos preocupados e profundamente arrependidos com este incidente. Partilhamos as nossas condolências e esperamos que esta seja uma lição valiosa para todos nós", afirmou o presidente da Liga.
A Associação de Futebol da Indonésia também proibiu o Arema FC de ter jogos em casa durante resto da temporada.
A federação se comunicou com a Fifa sobre a debandada e espera evitar sanções da entidade que rege o futebol mundial, disse o secretário-geral do PSSI, Yunus Yussi, numa entrevista coletiva.
Sobre o motivo pelo qual a polícia usou gás lacrimogéneo dentro do estádio, ele disse que "tiveram que tomar algumas medidas para antecipar" a entrada de adeptos no campo.
A Confederação Asiática de Futebol, o órgão regulador do futebol na região, lamentou a perda de vidas no desastre. A Indonésia vai sediar a Copa do Mundo Sub-20 da FIFA em maio em seis estádios em todo o país. O estádio Kanjuruhan em Malang não está incluído nessa lista.