Internacional
01 fevereiro 2023 às 21h47

Candidato de Lula vence o de Bolsonaro no Senado

Rodrigo Pacheco, com o apoio do governo, é reeleito na câmara alta do Congresso brasileiro batendo, por 49 votos a 32, o bolsonarista Rogério Marinho

João Almeida Moreira, em São Paulo

Rodrigo Pacheco, o candidato preferido de Lula da Silva, foi reeleito presidente do Senado esta quarta-feira, dia 1 de fevereiro. O senador do PSD, um partido de centro, bateu Rogério Marinho, do PL, a mesma formação de Jair Bolsonaro, que fez campanha, nos Estados Unidos, a seu favor. Pacheco, 46 anos, líder da câmara alta do Congresso do Brasil desde 2021, somou 49 votos contra 32 de Marinho, e presidirá a casa até 2025.

Em 2021, Pacheco obteve 57 votos dos 81 senadores porque somou o apoio do então presidente Bolsonaro ao do PT, de Lula. Desta vez, depois de se ter afastado da extrema-direita, sobretudo desde os ataques aos três poderes de 8 de janeiro, voltava a ser favorito mas por menos margem, como se veio a verificar, depois de os bolsonaristas terem intensificado a campanha de Marinho nos últimos dias para garantirem uma espécie de reduto de contrapoder ao governo a partir do Senado.

Além disso, a oposição buscava obter mais influência no poder judicial, uma vez que futuros juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) têm de passar pela aprovação da câmara alta do Congresso. Mais: o presidente do Senado pode colocar em votação o impeachment de cada um desses 11 juízes do STF, entre os quais Alexandre de Moraes, principal alvo da ira bolsonarista na qualidade de presidente do Tribunal Superior Eleitoral durante a campanha.

A presidência do Senado tem como atrativos, além dessa influência no poder judicial, o agendamento (ou o arquivamento) da votação de projetos caros ao governo e a última palavra na aprovação do orçamento. Além disso, o presidente é a terceira figura na linha sucessória, depois do vice-presidente do executivo, Geraldo Alckmin, e do presidente da Câmara dos Deputados, o também reeleito, com o apoio de lulistas e bolsonaristas, Arthur Lira.

Após a votação, Rodrigo Pacheco disse que "a democracia está de pé" e lembrou os ataques de 8 de janeiro. .

"Queremos pacificação mas pacificação não significa calar diante de atos golpistas, pacificação é buscar cooperação, pacificação é lutar pela verdade, pacificação é abandonar o discurso de nós contra eles e entender que o Brasil é imenso e diverso, mas é um só. O Brasil é um só", afirmou o presidente reeleito do Senado

"Para isso, a polarização tóxica precisa ser erradicada de nosso país. Acontecimentos como os ocorridos aqui neste Congresso Nacional e na Praça dos Três Poderes a 8 de janeiro de 2023 não podem, e não vão, repetir-se"

"Os brasileiros precisam voltar a divergir civilizadamente, precisam reconhecer com absoluta sobriedade quando derrotados e precisam respeitar a autoridade das instituições públicas, só há ordem se assim o fizerem, só há patriotismo se assim o fizerem, só há humanidade se assim o fizerem", continuou.

"A democracia está de pé pelo trabalho de quem se dispõe ao diálogo, não ao confronto. E continuaremos de pé, defendendo e honrando a nossa nação".

Na Câmara dos Deputados, o presidente Arthur Lira, do PP, de centro-direita, também foi, sem surpresa, reeleito. Lira conseguiu reunir apoios da direita à esquerda, ou seja, de Lula a Bolsonaro, e obteve um recorde de votação em eleições para a câmara baixa de 464 votos num total de 513.

Chico Alencar, do esquerdista PSol, e Marcel van Hattem, do liberal Novo, os únicos que se lhe opuseram, obtiveram 21 e 19 votos, respetivamente.

Na campanha, Lira ofereceu benesses aos pares deputados (e eleitores, portanto) atribuindo-lhes aumento no auxílio aluguer, no reembolso de combustível e nos voos grátis.

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