Internacional
08 dezembro 2021 às 16h59

Biden ameaça Putin com sanções "nunca antes vistas" em caso de ataque à Ucrânia

O presidente norte-americano exprimiu "a profunda preocupação" dos EUA e dos seus aliados face ao aumento de tropas russas na fronteira com a Ucrânia.

DN/Lusa

O Presidente dos Estados Unidos voltou esta quarta-feira a ameaçar o seu homólogo russo com sanções "como ele nunca viu antes", caso a Rússia ataque a Ucrânia, um dia após um encontro entre os dois chefes de Estado.

Joe Biden já tinha referido a Vladimir Putin, numa conferência virtual realizada na terça-feira entre os dois líderes, que a Rússia arrisca "fortes sanções, incluindo económicas" em caso de escalada militar na Ucrânia.

Biden exprimiu "a profunda preocupação" dos Estados Unidos e dos seus aliados face ao aumento de tropas russas na fronteira com a Ucrânia, segundo anunciou a Casa Branca, adiantando que Biden voltou a garantir apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia e defendeu que qualquer país deve poder "escolher livremente" a quem se associar.

Nas duas horas que durou a conferência virtual entre os dois chefes de Estado, o Presidente dos EUA apelou à diminuição das tensões e ao "regresso à diplomacia" e recusou fazer "promessas ou concessões" a Vladimir Putin, que pretende sobretudo que a NATO feche as portas à entrada da Ucrânia.

A França alertou esta quarta-feira a Rússia sobre as "consequências estratégicas e massivas" que uma agressão contra a Ucrânia terá na sequência do aumento de militares colocados por Moscovo na fronteira com aquele país.

"Foram enviadas mensagens firmes à Rússia sobre as consequências estratégicas e massivas de um novo ataque à integridade territorial da Ucrânia", anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da França.

A presidência russa, por seu lado, sublinhou esta quarta-feira que o país tem o direito de se defender, reagindo a uma reunião realizada na terça-feira com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na qual foi avisado de que a NATO está atenta e pronta para intervir na tensão entre Moscovo e Ucrânia.

Biden já tinha advertido o seu homólogo russo contra qualquer ofensiva militar visando o seu adversário ucraniano, prometendo "fortes sanções" se necessário.

"A Rússia segue uma política externa de paz, mas tem o direito de proteger a sua segurança", afirmou Putin em conferência de imprensa, hoje realizada, na qual considerou que deixar a NATO aproximar-se das suas fronteiras sem reagir seria "criminoso".

Apesar de ter considerado que a sua conversa com Biden "foi construtiva, Putin admitiu que o apoio da Aliança Atlântica a Kiev e às ambições ucranianas de ingressar na organização aumentam o risco de confronto militar na região e constituem uma ameaça à segurança da Rússia.

Leia também: Cento e vinte e dois minutos de diplomático diálogo de surdos entre Biden e Putin

O diálogo entre Putin e Biden foi considerado "positivo" pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que afirmou hoje considerar "uma vitória que os Estados Unidos apoiem a Ucrânia, a sua soberania e independência".

Os países ocidentais e Kiev acusam Moscovo de ter reunido dezenas de milhares de soldados e tanques nas fronteiras da Ucrânia em antecipação a uma invasão iminente, o que a Rússia nega.

A Ucrânia está dilacerada desde 2014 por uma guerra entre Kiev e separatistas no leste do país, que provocou mais de 13.000 mortos e eclodiu após a anexação da península da Crimeia por Moscovo.

Apesar da conversa entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, a situação parece continuar a agravar-se, tendo a Rússia anunciado que lançou aviões militares para "intercetar e escoltar" três aviões franceses que voavam hoje perto das suas fronteiras no Mar Negro.

Os caças Su-27 russos "escoltaram sobre o Mar Negro" os aviões franceses, disse o Ministério da Defesa russo em comunicado, acrescentando que, depois de ter "evitado uma violação da fronteira", os caças russos voltaram à sua base.