Internacional
22 setembro 2021 às 20h26

Argélia fecha espaço aéreo para todos os aviões de Marrocos

O governo argelino decidiu fechar o espaço aéreo "devido à continuidade das provocações e de práticas hostis por parte do Marrocos", segundo comunicado.

DN/AFP

A Argélia decidiu esta quarta-feira fechar de forma "imediata" o seu espaço aéreo para todos os aviões civis e militares de Marrocos, assim como os que possuem matrícula no reino do norte da África, anunciou a Presidência argelina.

"O Alto Conselho de Segurança (HCS, na sigla em francês) decidiu pelo encerramento imediato do espaço aéreo para todos os aviões civis e militares, assim como os matriculados em Marrocos", diz a nota oficial.

A decisão foi anunciada após uma reunião do HCS, liderada pelo presidente Abdelmadjid Tebboune e dedicada à situação nas fronteiras com o Marrocos.

O governo argelino decidiu fechar o espaço aéreo "devido à continuidade das provocações e de práticas hostis por parte do Marrocos", conforme detalha o texto.

No dia 24 de agosto, a Argélia rompeu relações diplomáticas com Marrocos ao acusá-lo de empreender "ações hostis" após meses de tensões entre os dois países do Magrebe.

O ministro dos Negócios Estrangeiros argelino, Ramtane Lamamra, criticou então o governo marroquino por "nunca ter deixado de cometer ações hostis contra a Argélia".

"Os serviços de segurança e a propaganda marroquinas travam uma guerra desprezível contra a Argélia, o seu povo e seus dirigentes", afirmou Lamamra.

As relações entre Argel e Rabat sempre foram complicadas e deterioraram-se ainda mais devido à questão do Saara Ocidental, considerado um "território não autónomo" pela ONU, mas onde o grupo Frente Polisário trava um conflito com o Marrocos que já dura décadas.

Os independentistas exigem a realização de um referendo de autodeterminação contemplado pela ONU, enquanto o Marrocos, que controla mais de dois terços dessa ex-colónia espanhola no Magrebe, propõe no máximo uma autonomia sob sua soberania.

A normalização das relações diplomáticas entre Marrocos e Israel, em troca do reconhecimento da "soberania" marroquina sobre o território por parte dos Estados Unidos, intensificou as tensões com a Argélia, que apoia a causa palestina. Além disso, o governo argelino denunciou que se tratam de "manobras estrangeiras" para desestabilizar o país.

Os vínculos diplomáticos entre Argélia e Marrocos foram quebrados pela primeira vez em 7 de março de 1976, quando Argel reconheceu a República Árabe Saaraui Democrática (RASD), autoproclamada pelos independentistas da Frente Polisário.