Abrandamento económico pode aumentar em 12% insolvências na zona euro
O abrandamento económico global resultante da guerra na Ucrânia pode resultar num aumento de 12% das insolvências na zona euro este ano, estimam os economistas da Allianz Trade, acionista da COSEC -- Companhia de Seguros de Crédito.
"A guerra na Ucrânia deverá levar a um abrandamento económico à escala global. Na zona euro, a desaceleração do crescimento da atividade económica pode traduzir-se num aumento do risco de incumprimento de pagamentos por parte das empresas, o que pode resultar numa subida de 12% das insolvências este ano", aponta o estudo 'Corporate Credit: Straddle or Struggle?', hoje divulgado.
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Já nos Estados Unidos, os especialistas admitem um aumento das insolvências na ordem dos 7% em 2022.
Citado num comunicado, o especialista sénior da Área de Investimento da Allianz Trade Jordi Basco Carrera nota que "este crescimento das insolvências na área da moeda única espelha uma realidade desigual entre os Estados-membros".
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Assim, se "a economia italiana já registava um aumento das insolvências no ano passado", as economias germânica e francesa ainda "registavam níveis baixos".
De acordo com a Allianz Trade, "uma política monetária mais 'hawkish' (que se pauta por taxas de juro mais altas, o que pode levar a uma diminuição da procura por bens mas, por outro lado, a um maior controlo da inflação) pode conduzir a maiores restrições na concessão de crédito e, também, a uma subida das taxas de incumprimento pelas empresas".
Ainda assim, admite que "o facto de muitas empresas terem os seus principais indicadores robustos pode ajudar a uma certa estabilidade dos 'spreads' nos créditos cobrados às empresas".
O estudo destaca as empresas europeias como sendo "das mais afetadas", a nível global, pela guerra na Ucrânia.
"Com os preços das matérias-primas a disparar -- em particular das matérias-primas energéticas, como o gás e o petróleo --, com as perturbações das cadeias de abastecimento que já se vinham a fazer sentir desde o ano passado a agravar-se, a incerteza ao nível económico está também a aumentar", refere.
No entanto, acrescenta, "a almofada financeira que as empresas tinham criado tem estado, até agora, a amortecer os efeitos do aumento do custo das matérias-primas e da disrupção das cadeias logísticas".
"Até ao momento, os fortes balanços das empresas, conjugados com um aumento da rentabilidade e do investimento, parecem ter protegido muitas empresas dos preços elevados de produção. Contudo, os efeitos reais sobre as empresas ainda não são totalmente claros", admite Jordi Basco Carrera.
Assim, e "apesar de ainda não ser evidente qual o impacto real que a guerra vai ter nas contas da maioria das empresas", a Allianz Trade nota que "os primeiros resultados trimestrais que as cotadas têm estado a apresentar denotam já alguns efeitos, embora ainda controláveis".
Apesar dos riscos que as empresas enfrentam, o estudo aponta que "as expectativas de resultados se mantêm, globalmente, resilientes".
"Os elevados lucros registados no ano passado acabaram por surpreender o mercado, que antecipava este nível de resultados em dois anos e não apenas em um. Atualmente, os mercados continuam a antecipar que as empresas registem lucros neste ano, mas de um dígito apenas. Já para 2023, as expectativas apontam para, em média, níveis próximos de históricos", precisa.