Exclusivo Eleição de 577 deputados é um duelo entre Macron e Mélenchon
Após uma campanha tida como inexistente, decorre hoje a segunda volta das legislativas. A coligação macronista poderá perder a maioria absoluta. Já o líder da esquerda teria de contar com a mobilização da juventude e forte abstenção dos mais velhos para vencer.
Emmanuel Macron e Jean-Luc Mélenchon são os atuais protagonistas políticos em França, apesar de nenhum deles ser candidato a deputado nas eleições legislativas que hoje se celebram. Os dois antigos ministros de governos socialistas (o primeiro no Executivo de Manuel Valls durante a presidência de François Hollande, o segundo no de Lionel Jospin aquando da última coabitação, com Jacques Chirac no Eliseu) têm objetivos distintos: o primeiro quer manter a maioria absoluta na Assembleia Nacional, o segundo sonha com o cargo de primeiro-ministro, pelo que a coligação eleitoral de esquerda NUPES, por si engendrada, terá de sair vencedora. De permeio eclipsaram a líder da extrema-direita nesta campanha. Marine Le Pen, que há dois meses recebeu votos de 41% dos eleitores na segunda volta das presidenciais, queixou-se de um "acordo secreto" entre os dois homens para prejudicar o seu partido, o União Nacional.
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Na realidade, a rivalidade entre os dois homens data de 2017, quando ambos criaram os seus partidos políticos e concorreram às eleições. Foi o início do naufrágio dos partidos tradicionais de centro-direita e centro-esquerda, tendência que se tem acentuado em cada ato eleitoral. Ao divergirem em quase tudo, o ex-banqueiro e o antigo professor são vistos como o espelho um do outro: ambas as formações políticas vivem à volta do seu líder e não há espaço para divergências ou correntes minoritárias. A estratégia de bipolarização no chamado "campo republicano" (isto é, excluída a extrema-direita) tem resultado e aglutinou personalidades diversas. Por exemplo, Macron tem ao seu lado antigos socialistas como Valls, mas também o ex-presidente Nicolas Sarkozy, de centro-direita.