Poeta acusado de ataque ao regime conhece sentença
O poeta Mohammed al-Ajami, condenado por incitamento contra o regime do Qatar, conhecerá a sentença do tribunal de recursos do país a 25 de fevereiro, disse hoje o seu advogado.
Em declarações à AFP, o advogado Mohammed Nejib al-Naimi afirmou que a acusação insiste na pena de prisão perpétua para o poeta, apesar de "não haver provas" de que Ajami, detido desde novembro de 2011, tenha recitado "o poema pelo qual está a ser publicamente julgado".
Al-Ajami, também conhecido como Ibn al-Dhib, foi condenado a prisão perpétua a 29 de novembro.
Segundo a Amnistia Internacional, é acusado de "incitamento para derrubar o sistema governativo" e "insultar o emir" do Qatar, Sheikh Hamad bin Khalifa al-Thani.
Em causa está o "Poema de Jasmim", que apenas terá sido lido "no seu apartamento no Cairo", disse o seu advogado.
O poema critica os governos da região do Golfo Pérsico, em particular a "elite repressiva", perante a qual "todos são Tunísia", o país em que começou a Primavera Árabe, que veio a derrubar o regime daquele país e das vizinhas Líbia e Egito.
A condenação mereceu críticas da Organização das Nações Unidas (ONU), através da porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Cécile Pouilly.
"Estamos preocupados com o caráter injusto do julgamento [...]. O julgamento foi marcado por um grande número de irregularidades processuais, com várias sessões à porta fechada", declarou Pouilly em conferência de imprensa.
A ONU criticou ainda o facto de o poeta "ter aparentemente passado vários meses em isolamento e continuar limitado, apesar de um acórdão do tribunal determinar a sua detenção em condições normais".