Ex-tesoureiro do PP espanhol diz que Rajoy sabia do saco azul
As declarações de Bárcenas surgem no dia em que arranca a Convenção Nacional do PP espanhol, que os "populares" querem centrar nas reformas e na recuperação económica - dados positivos do PIB espanhol e da queda do desemprego - mas que poderá ser ensombrada pelo caso que envolve o homem que foi tesoureiro do partido de 1990 a 2008.
O antigo tesoureiro do Partido Popular (PP) espanhol Luis Bárcenas, acusado de crimes de corrupção e financiamento ilegal, declarou hoje que o líder do governo e presidente do partido, Mariano Rajoy, sabia da existência de uma contabilidade paralela.
Bárcenas, libertado na quinta-feira após 19 meses de prisão preventiva, salientou hoje - dia em que compareceu perante a Audiência Nacional (tribunal especial para crimes graves) - que Rajoy "conhecia a existência da contabilidade B no PP desde o princípio", considerando por isso mesmo "absurdo" que o partido o culpabilize apenas a ele.
"Essa contabilidade é fidedigna desde a primeira entrada até à última. Não há uma única entrada nas contas que não corresponda a um valor real. [...] Correspondem a quantidades que recebiam determinadas pessoas, em numerário, e que eram entregues num envelope", disse hoje Bárcenas, que também é acusado de ter ocultado na Suíça 48 milhões de euros no chamado caso Gürtel (que envolveu várias personalidades ligadas ao partido).
Bárcenas - que tem de se apresentar na Audiência Nacional obrigatoriamente três vezes por semana - admitiu que essa contabilidade era irregular "sem qualquer dúvida", pelo que assume parte da responsabilidade. "Mas quem beneficiou dessa contabilidade foi o partido", sublinhou.
Horas antes, o vice-secretário geral do PP para as campanhas eleitorais, Carlos Floriano, tinha afirmado que "nunca houve nem vai haver uma caixa B" no PP. Floriano, que instou a justiça espanhola a ser rápida neste processo, reiterou uma ideia deixada por vários responsáveis do partido e membros do governo nos últimos dias: "quem controlava tudo, do princípio ao fim, era Bárcenas".
"Esse senhor enganou-nos e, atualmente, não está no partido", salientou.
A Convenção nacional do PP arranca hoje e prolonga-se até domingo, sendo o primeiro arranque dos "populares" para um ano marcado por eleições gerais.