Ex-primeira-dama da Costa do Marfim condenada a 20 anos de prisão
Simone Gbagbo foi condenada hoje a uma pena de 20 anos de prisão pelo seu papel numa insurreição na crise pós-eleitoral de 2010-2011 que provocou mais de 3.000 mortos.
"O tribunal, após deliberação, condena, por unanimidade, a mulher do antigo Presidente costa-marfinense Laurent Gbagbo, de 65 anos, a 20 anos de prisão", por "atentado contra a autoridade do Estado, participação numa insurreição e perturbação da ordem pública", afirmou o juiz Tahirou Dembelé.
O Ministério Público tinha pedido dez anos de cadeia.
Mais de 3.000 pessoas foram mortas entre dezembro de 2010 e maio de 2011 nos confrontos entre apoiantes do Presidente Laurent Gbagbo, que recusou aceitar a vitória nas presidenciais do seu rival, Alassane Ouattara, atual chefe de Estado.
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Simone Gbagbo foi acusada de formar grupos armados em Abobo, uma divisão administrativa de Abidjan onde era deputada, cujos membros erigiram barricadas e participaram num movimento de insurreição.
Simone Gbagbo, 65 anos, apelidada "dama de ferro" quando o marido estava no poder (2000-2011), é simultaneamente respeitada pelo seu percurso como oposicionista e temida pelo poder que tinha, tendo sido frequentemente acusada de ligações aos "esquadrões da morte" que perseguiam apoiantes de Ouattara.
O ex-Presidente Laurent Gbagbo está detido no Tribunal Penal Internacional (TPI) a aguardar julgamento por "crimes contra a humanidade" perpetrados durante aquela crise.
Simone Gbagbo também é reclamada pelo TPI por "crimes contra a humanidade", mas as autoridades de Abidjan recusam entregá-la e asseguram que a Justiça da Costa do Marfim pode garantir um julgamento justo.
O casal Gbagbo foi detido na cave da sua residência, a 11 de abril de 2011, por ex-rebeldes apoiantes do presidente Ouattara, que contaram com a ajuda de França.