Ucrânia pede sanções mais duras contra Rússia
O ministro das Finanças da Ucrânia, Oleksandr Shlapak, pediu, esta noite, sanções mais duras contra Moscovo por causa da anexação da Crimeia, afirmando que a Rússia "se ri" das medidas aprovadas até agora pelos Estados Unidos e Europa.
"Pessoalmente estou muito dececionado", disse, esta noite, em conferência de imprensa na embaixada ucraniana em Washington Oleksandr Shlapak em referência ao breve comunicado emitido, na quinta-feira, pelos ministros das Finanças do G7, reunidos na capital dos Estados Unidos e que não faz referência a sanções adicionais à Rússia.
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As sanções são "impróprias" e "não se adequam à actual situação (...). Esperamos severas sanções contra a Rússia, o agressor", acrescentou Shlapak, que se apresentou junto da imprensa com o governador do Banco Nacional da Ucrânia, Stepan Kubiv.
"Permita-me que lhes recorde que vários países prometeram no Memorando de Budapeste a preservação da integridade territorial da Ucrânia", afirmou Shlapak, destacando que os Estados Unidos, tal como a Rússia, é um dos países signatários.
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"E, agora, uma parte considerável do território ucraniano está ocupada", afirmou Shlapak, sublinhando que "os russos simplesmente se riem das sanções introduzidas pelos Estados Unidos e Europa", que incluem congelamento de ativos e proibição de vistos de viagem ao Ocidente para os russos sancionados.
"Atualmente, a Rússia viola as leis ucranianas, amanhã violará a de outros países", alertou.
Os ministros das Finanças e banqueiros centrais do G7 discutiram, esta noite, durante uma reunião informal em Washington, as necessidades de financiamento da Ucrânia e a resposta à crise, sem fazer menção a eventuais sanções adicionais.
"As conversações cobriram os principais e mais recentes acontecimentos na economia global", indicou o G7 num breve comunicado, em que se refere que "a situação na Ucrânia, as suas necessidades de financiamento e a resposta internacional também estiveram sobre a mesa".
O G7, que se reúne em Washington no âmbito da reunião conjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, é composto pelos Estados Unidos, Canadá, Japão, Itália, Grã-Bretanha, Alemanha e França.
O Presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou interromper o fornecimento de petróleo e gás natural à Europa no caso de o Ocidente reforçar as suas sanções contra o seu país.
A situação na Ucrânia figura como um dos temas destacados no encontro do FMI em Washington.
Na quinta-feira, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, afirmou que o seu país está preparado para "impor sanções adicionais" à Rússia.
Lew afirmou que a "atual ocupação" russa da Crimeia é "ilegal e ilegítima" e sublinhou que os Estados Unidos estão prontos para impor sanções adicionais significativas se Moscovo continuar a promover uma "escalada" da situação na Ucrânia.
Por seu lado, a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, disse, esta quinta-feira, que prevê que o programa de ajuda à Ucrânia estará pronto para "finais de abril ou início de maio".
Christine Lagarde assinalou que o pacote de assistência financeira do Fundo será de entre 14.000 e 18.000 milhões de dólares.
Shlapak assegurou, esta noite, que Kiev satisfez todas as condições para receber a primeira tranche.
"Estamos aqui para falar em termos mais específicos sobre o momento e as condiciones do apoio" internacional, acrescentou.
Espera-se que a 'luz verde' ao pacote de ajuda à Ucrânia por parte do FMI abra a porta a empréstimos adicionais ao país, que alcançariam um montante total de 27.000 milhões de dólares.
Shlapak afirmou na quinta-feira que Kiev cumpriu as 13 condições do FMI para receber a ajuda, incluindo as referentes à política monetária e requisitos de liquidez, entre outros.
Tanto Kubiv como Shlapak disseram que a primeira tranche de ajuda não será utilizada para pagar dívidas à Rússia que, de acordo com Moscovo, alcança os 2.200 milhões de dólares pelo abastecimento de gás natural.