Papa cria 19 cardeais na presença de Bento XVI
O Papa Francisco pediu hoje aos cardeais para serem "homens de paz", durante a cerimónia de proclamação de 19 novos cardeais, na presença de Bento XVI, que participa pela primeira vez numa cerimónia pública desde a sua renúncia.
O papa emérito, de 86 anos, que aparentava estar em boa forma, era o primeiro da fila, vestido de branco, entre os cardeais, vestidos de vermelho, na basílica de São Pedro.
Dezoito dos 19 novos príncipes da Igreja estavam presentes na cerimónia pública, à exceção de Loris Francesco Capivilla, de 98 anos, antigo secretário do papa João XXIII e símbolo do espírito do Concílio Vaticano II (1962/65), que está a descansar perto de Bergamo (norte de Itália). O seu barrete ser-lhe-á entregue por uma delegação dentro de alguns dias.
"Digo-vos o que a Igreja precisa: ela precisa da vossa colaboração, e ainda mais da vossa comunhão, a comunhão comigo e entre vós. A Igreja precisa da vossa coragem de anunciar o Evangelho em todas as ocasiões, oportunas ou inoportunas, e para dar testemunho da verdade. A Igreja precisa da vossa oração", exortou o papa durante a cerimónia.
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O papa destacou que "a Igreja também precisa" que os clérigos sejam "homens de paz", que façam a paz através das suas obras, desejos e orações, e que sejam compassivos "especialmente neste momento de dor e sofrimento, em muitos países do mundo".
Francisco insistiu numa "Igreja em movimento", que percorra caminhos.
"Jesus caminhava. Isto atinge-nos nos Evangelhos: Jesus caminha muito, ele instruiu os seus ao longo do caminho. Isto é importante. Jesus não veio ensinar uma filosofia, uma ideologia, mas um caminho, um caminho a percorrer com ele. E a estrada aprende-se a caminhar. Sim, queridos irmãos, eis a nossa alegria: andar com Jesus. Não é fácil, não é confortável, porque a estrada que Jesus escolheu é a da cruz", afirmou.
Cada novo cardeal deverá aproximar-se do papa e ajoelhar-se-á perante ele para aceitar o barrete (um chapéu vermelho de quatro pontas), o anel cardinalício e o seu título, recebendo cada um, simbolicamente, a incumbência de uma das centenas de igrejas da aglomeração romana.
O papa emérito Bento XVI foi saudado calorosamente à sua entrada por Francisco, constatou a AFP.
É a primeira vez que Joseph Ratzinger, que vive retirado do Vaticano, participa numa grande cerimónia pública na basílica.
O Papa Francisco sucedeu a 13 de março passado a Bento XVI, que resignou a 28 de fevereiro.
Muitos dos novos cardeais são provenientes das cidades "periféricas", como gosta de dizer o papa Francisco, desde Ouagadougou (Burkina Faso), Abidjan (Costa do Marfim), do Haiti, de Cotabato, nas Filipinas, de Manágua (Nicarágua), Castries (Santa-Lúcia, nas Antilhas), a Perugia, no centro de Itália.
Dezasseis dos novos cardeais têm menos de 80 anos e entram no Sagrado Colégio, podendo ser eleitores em caso de um Conclave para eleger um novo papa, e três outros são novos cardeais eméritos sem direito de voto, por terem mais de 80 anos.