Ex-tesoureiro do PP é o autor dos documentos

A polícia espanhola determinou que o antigo tesoureiro do Partido Popular Luis Bárcenas é o autor dos chamados "papéis Bárcenas", publicados no jornal El Pais a 31 de janeiro e que divulgaram a contabilidade paralela do partido.

A conclusão consta de uma providência do juiz da Audiência Nacional Pablo Ruz, na sequência de uma análise da letra e números dos documentos feita por equipas especializadas da polícia, elaborada "com as reservas necessárias por terem sido analisadas fotocópias".

De acordo com o relatório, que o juiz agrega à providência, a grafia e algarismos usados "foram feitos por Luis Bárcenas Gutierrez", não sendo possível "determinar a autoria das assinaturas" que surgem em algumas fotocópias "alvo da análise", por "serem ilegíveis".

Para a elaboração deste relatório, as fotocópias publicadas pelo jornal foram comparadas com as declarações patrimoniais do antigo tesoureiro, documentos da comissão rogatória da Suíça e documentos escritos por Bárcenas para a Autoridade Anticorrupção.

O antigo tesoureiro negou repetidas vezes ser o autor dos chamados "papéis Bárcenas", incluindo a única vez que prestou declarações sobre este caso perante a Autoridade Anticorrupção.

A 22 de março, Bárcenas negou-se a depor perante o juiz que investiga a alegada existência de uma contabilidade paralela no PP (no poder), rejeitando ainda submeter-se a uma prova caligráfica, que devia permitir comparar a letra com a das fotocópias dos documentos publicados pelo El Pais.

Fontes judiciais citadas pela imprensa espanhola referiram que, na audição com o juiz Pablo Ruz, Bárcenas afirmou ainda que não fará mais declarações sobre este caso.

O ex-tesoureiro geriu as contas do Partido Popular (PP) espanhol durante cerca de 18 anos e atualmente está a ser investigado por envolvimento num alegado esquema de pagamentos irregulares aos principais dirigentes do partido, entre 1990 e 2009, e que incluem o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy.

Além disso, é arguido num outro processo, conhecido como "Gurtel", que envolve vários ex-dirigentes do PP, em vários pontos de Espanha, numa rede de corrupção e branqueamento de capitais.

No início de março, o ex-tesoureiro apresentou uma queixa por maus-tratos laborais contra o PP.

O PP apresentou uma queixa por violação do direito à honra contra a empresa detentora do El País, assim como contra o "autor dos falsos documentos divulgados".

De acordo com o jornal espanhol, o autor dos documentos divulgados é Luis Bárcenas, apesar de este o ter negado publicamente perante a Autoridade Anticorrupção.

Em finais de fevereiro, o ex-tesoureiro já tinha apresentado uma queixa contra o PP por "despedimento improcedente" do cargo de consultor, que ocupou entre março de 2010 e final de janeiro.

Posteriormente, apresentou uma segunda queixa, numa esquadra em Madrid, pelo alegado roubo de dois computadores que estavam no escritório que estava a usar na sede do PP, na Calle Genova.

O El Pais afirmou, citando fontes judiciais, que Luis Bárcenas recebeu, entre março de 2010 e janeiro de 2013, 21.300 euros mensais para exercer funções como consultor, o que contradiz a informação de que não tinha qualquer vínculo laboral com o partido desde 2010.

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