Batasuna rejeita violência da ETA para renascer como partido novo
O nome só é conhecido hoje, mas a polémica sobre o novo Batasuna já está instalada em Espanha. Os socialistas no poder tomaram nota de que através do seu novo partido a esquerda independentista basca rejeitou e condenou pela primeira vez a violência da ETA. O PP, principal partido da oposição, considera que uma tal declaração não é suficiente após anos de violência e de apoio à organização terrorista que luta pela independência do País Basco. E que este é "o mesmo Batasuna de sempre", a tentar concorrer às eleições autonómicas e autárquicas de Maio.
"A nova formação opõe-se ao uso da violência ou a ameaças da sua utilização para prossecução de objectivos políticos, incluindo a violência da ETA, no caso de ela ocorrer e em qualquer que seja a sua manifestação", declarou ontem Rufi Etxeberria, que foi citado pelos media espanhóis. Um dos históricos do Batasuna, Etxeberria discursava na apresentação do novo partido na cidade de Bilbau. A seguir a ele falou Iñigo Iruin, que na sua condição de advogado explicou o conteúdo dos estatutos: serão expulsos os militantes do partido que violem o artigo 9.º da lei dos partidos espanhola, a qual permite a ilegalização de uma formação que justifique, fomente ou apoie politicamente o terrorismo.
O novo movimento independentista divulgará hoje o seu nome e respectivo logotipo. Amanhã apresentará o pedido de legalização à luz da lei dos partidos ao Ministério do Interior, segundo noticiou a agência Efe. O objectivo é concorrer às eleições autonómicas e autárquicas de Maio. A nova formação terá um Congresso, um secretário-geral e militantes como tantas outras, figuras que até agora não existiam no Batasuna. Este estava ilegalizado desde 2003, por ter sido considerado pela justiça como ala política da ETA.
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"É a primeira vez em muitos anos que rejeitaram explicitamente a violência da ETA", disse ontem à tarde o ministro do Interior e número dois do Governo do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba. Lembrando que apesar disso, a credibilidade do Batasuna atinge "neste momento mínimos históricos e os espanhóis desconfiam das suas verdadeiras intenções". Patxi López, socialista, presidente do governo autónomo basco, classificou como positivo o passo dado pelo Batasuna e sugeriu mesmo que o novo partido deve usar os seus estatutos para conseguir que "a ETA anuncie o seu desaparecimento definitivo".
"Nem ETA-Batasuna nem nenhum dos seus franchisings podem apresentar-se às eleições autonómicas e municipais", escreveu o líder do PP, Mariano Rajoy, no seu mural do Facebook. Vozes críticas lembraram que o novo partido não condenou atentados cometidos no passado pela ETA - que desde 1959 já fez 829 mortos. Há pouco tempo a organização declarou um novo cessar-fogo.