A ilha 'gay' na Itália de Mussolini
Durante o regime fascista foi criado em Itália um local onde os homossexuais eram colocados sob prisão e ali forçados a permanecer. Um momento do regime de Mussolini recordado em livro e numa iniciativa de ativistas 'gays'.
"Há 75 anos na Itália fascista, um grupo de homens considerados 'degenerados' foram levados de suas casas e presos numa ilha. Colocados sob regime de prisão, para muitos esta foi uma experiência libertadora na primeira comunidade abertamente 'gay' do país", escreve o correspondente da BBC em Itália.
O facto foi recordado esta semana por um grupo de ativistas que desembarcou na ilha-prisão e aqui colocou uma placa em memória das vítimas da perseguição do regime fascista.
Para o parlamentar Ivan Scalfarotto, "este era um gesto necessário porque ninguém fala do que se passou naquela época" e porque, na atualidade, prossegue a discriminação, disse à BBC o deputado que é vice-presidente do Partido Democrático.
Em 1938, na Catânia, "cerca de 45 homens que se acreditava serem homossexuais foram condenados a exílio interno e levados para a ilha de San Domino, no Adriático". Uma história recordada no livro The Island and the City (A Ilha e a Cidade), de Gianfranco Goretti e Tommaso Giartosi, que reúne testemunhos dos habitantes da ilha e documentos de alguns dos presos.
Havia recolher obrigatório a partir das 20.00 horas, permanecendo os presos em dormitórios sob vigilância policial. Mas segundo alguns depoimentos de antigos presos, citados em A Ilha e a Cidade, o regime de detenção era "relativamente livre" e "pela primeira vez nas suas vidas, aqueles homens estavam num sítio onde podiam ser eles próprios - livres do estigma que habitualmente os rodeava na Itália católica dos anos 30", refere o correspondente da BBC.