Obama enfrenta crise e um Congresso dividido

Com uma vitória clara obtida na terça-feira, Barack Obama tem agora pela frente o desafio de conseguir coabitar com o republicanos no Congresso num contexto de crise económica e de uma dívida gigantesca.

"A ironia é que a eleição mais cara de sempre da história americana resultou num status quo", sublinha o Washington Post, sublinhando, como a maior parte da comunicação social dos Estados Unidos, que o Presidente terá de enfrentar "um grande desafio".

No seu discurso de vitória na terça-feira, sob o signo da paz e união entre os dois partidos e os norte-americanos, Barack Obama recuperou o tom da sua campanha em 2008, mas principalmente da sua intervenção na convenção democrata em 2004, o momento que o revelou ao mundo.

"Nós não estamos tão divididos como o nosso sistema político que fazer crer. Nós não somos assim tão cínicos como pensam os observadores. Nós somos mais importantes que a soma das nossas ambições individuais e somos mais que uma lista de Estados" republicanos e democratas, declarou Obama.

"Nas próximas semanas e meses, tenho a intenção de me aproximar e trabalhar com os líderes dos dois partidos para estarmos à altura dos problemas que não conseguimos resolver sozinhos", acrescentou, referendi-se à redução do défice, a reforma do código tributário ou mesmo uma reforma da lei da imigração.

O Presidente obteve 303 votos eleitorais - precisava apenas de 270 para ganhar - contra os 206 do republicano Mitt Romney. O resultado final da Florida ainda não é conhecido. No que diz respeito ao voto popular, Obama obteve 50,2% contra 48,3% do republicano.

Mas Obama não pode ignorar o subtil equilíbrio de poderes estabelecido pela Constituição norte-americana. A Câmara dos Representantes foi conquistado pelos republicanos, enquanto que o Senado irá permanecer na mão dos democratas.

Este cenário, que se manterá até pelo menos janeiro de 2015, é precisamente aquele que já deixou várias vezes os EUA à beira de uma crise orçamental desde 2011, com várias contendas entre o Executivo e o Congresso.

Nos últimos dois anos, quando sofreu um revés nas eleições intercalares, Obama lamentou que o líder da minoria no Senado, o republicano Mitch McConnell, tenha dito que o seu principal objetivo era combater o Presidente.

Obama espera agora que a sua vitória coloque um ponto final neste espírito.

O gabinete do senado McConnell ainda não se pronunciou sobre o resultado das presidenciais, mas o líder republicano na Câmara dos Representantes, John Boehner, já se mostrou firme sobre o tema que deverá ser prioridade: orçamento e fiscalidade.

No fim do ano expiram várias medidas fiscais, algumas delas herdadas dos mandatos de George W. Bush. Elevar o teto da dívida, que provocou uma grave crise em 2001, voltará a a estar em cima da mesa. Caso contrário, alertam os economistas, o país poderá entrar em recessão por causa desse "muro fiscal".

A gestão feita por Obama da crise económica será examinada à lupa pelos aliados dos Estados Unidos, que já felicitaram o Presidente pela sua reeleição. Como a China que apelou a uma "cooperação construtiva".

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