Associação contra exploração laboral e sexual de modelos

A modelo Sara Ziff criou uma associação para proteger as suas colegas dos abusos a que estão sujeitas no meio da moda, nomeadamente a falta de respeito pelos seu direitos laborais e a exploração sexual.

Sara Ziff foi recrutada para o mundo da moda por um fotografo quando, aos 14 anos, andava a passear num rua de Manhattan. Hoje, além de exercer a carreira de modelo, tem um curso superior tirado na Universidade de Columbia.

Apesar dela ter uma carreira profissional estável e uma formação superior, sabe que nem todas as suas colegas vivem em tão boa situação. Por isso, quer ajudar a melhorar as condições de trabalho das suas mais jovens colegas através da criação de uma associação, a Model Alliance. A instituição acaba de se apresentar na Semana de Moda de Novo Iorque com o objetivo de acabar com os abusos e proteger os direitos das modelos mais jovens.

Neste momento, a Model Alliance é apenas um projeto, mas visa alcançar 1500 profissionais da área da moda em todo o mundo. Entre os seus mentores encontram-se modelos, escritores e feministas que trabalham para o mesmo fim: proteger os direito laborais e o respeito pela integridade sexual de um grupo de pessoas que o público relaciona de imediato com ostentação e glamour.

"Conseguir ser pago pelo trabalho desempenhado pode ser um problemas para uma modelo", explica Sara Ziff no site da sua associação. Ziff explica: "Muitas das modelos que desfilam em Nova Iorque nunca chegam a ser pagas pelos seus serviços. Trabalham gratuitamente, recebendo em troca apenas algumas roupas com que desfilam. Muitas jovens acabam por andar iludidas porque as agências para as quais trabalham não cumprem os contratos inicialmente acordados e acabam por não defender os seus direitos."

Ziff quer que as agências de modelos se comprometam a respeitar, assinando uma carta de direitos, as melhores condições laborais das modelos que contratam. Da carta devem constar vários requisitos que no dia-a dia não são respeitados na profissão. As modelos devem, por exemplo, ser esclarecidas se o seu trabalho irá contemplar desfiles nus ou semi-nus ou a quem podem recorrer para denunciar abusos sexuais de um fotografo ou de um responsável pela agência.

Sara Ziff retrata um cenário muito comum no início da carreira de modelo. "É fácil imaginar uma rapariga de 15 anos recém-chegada a Nova Iorque longe do seu país e da sua família. Sem ninguém como tutor, ela irá dividir um apartamento com colegas de profissão que estão nas mesmas circunstâncias. Sem experiência nem ninguém para a orientar, ela não vai saber gerir o seu dinheiro e nem vai ter noção se é bem paga ou não. Às vezes pode cruzar-se com um fotografo que, embora trabalhe para Vogue, também faz trabalhos pornográficos. Imagine-se uma rapariga que, sem protecão, cai nas mão de uma pessoa assim. Ora, todas estas raparigas em situações similares deveriam ter algum tipo de protecão para evitar o pior".

Os abusos sexuais não não uma norma, mas são uma constante no mundo da moda. Em 2008, um juiz condenou o estilista Anand Jon por violar jovens que que foram escolhidas para desfilar com as suas criações e várias profissionais acusaram o fotografo Terry Richardson de abusar de modelos.

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