A pianista sem medo que encontrou o Estado Islâmico
Decidida, assertiva, autonóma, culta, livre: a primeira portuguesa a morrer na guerra com os bárbaros é bem o símbolo de tudo o que querem destruir. Glória era o seu nome
Filha mais velha de uma família duriense, Maria da Glória Fernandes de Oliveira Esteves de Sousa Moreira tinha quatro meses e meio quando começou a Segunda Grande Guerra na Europa. 76 anos depois, pereceu, na praia tunisina para onde fora de férias sozinha, naquela que parece ser a primeira guerra global.
"Quando ela estava a programar a viagem, disse-lhe: "Não vás, vai para a Grécia, as Canárias..."" Maria do Céu, a irmã sete anos mais nova, suspira ao telefone. "E ela respondia: "Mas a Tunísia é perfeitamente segura, é a única democracia nos estados árabes." Era onde ela se sentia melhor, sabe? Por estar tão habituada a ir lá com o marido. Falei-lhe do atentado no museu e ela: "Foi uma coisa que passou."" Na voz calma, de dicção perfeita a denotar a origem social, a irmã de Glória - Glorinha, como lhe chama a família - enclausura a emoção numa espécie de cansaço resiliente. "Corajosa? É, muito. E isto... Isto é uma coisa que a gente acha que nunca nos acontece. Mas acontece. É uma novidade dos nossos tempos, que temos de aprender a enfrentar." Dela diz ainda, agora no passado: "Era extremamente criativa, uma pessoa culta, com um sentido estético da vida muito importante, de um bom gosto muito grande. Tivemos a mesma educação, mas ela era de uma base mais francesa, enquanto eu sou mais anglófona."
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