Descobrir na dança uma forma de transformar a própria vida

Na hipertecnológica sociedade japonesa, a modernidade convive, nem sempre de forma passiva, com tradições ancestrais. As mulheres são ainda as principais vítimas das contradições. "No Japão, assim que se casam ou têm filhos, as mulheres perdem o nome próprio. Passam a ser chamadas pelo nome do marido ou dos filhos. Elas têm acesso a tudo menos à atenção masculina", conta Tânia Luiz, que entre as muitas descobertas que fez neste país destaca o "universo asfixiante em que vivem as japonesas". Por isso, as suas aulas e workshops tornaram-se, progressivamente, lugares onde, mais do que aprender a dançar, "as mulheres de todas as idades redescobrem o seu corpo, a sua beleza, o seu valor enquanto indivíduo", diz. Para Tânia, ensinar dança do ventre, cigana ou flamenco tornou-se uma das componentes mais importantes do seu trabalho. "Nas minhas aulas, vejo pessoas que começam a dançar e se metamorfoseiam com alegria. Quando damos um espectáculo público, os maridos recusam-se a ver, o que as deixa bastante tristes." O sucesso destas aulas já a levou a dar workshops no Canadá e na Turquia. Fazer um em Portugal é um projecto, mas sente que "ainda não encontrou as pessoas certas para o pôr de pé". A viver em Osaka, com os seus dois gatos, Tânia não descarta a hipótese de voltar a Portugal. Mas isso será "quando houver menos gente nos centros comerciais e mais gente à beira-rio" diz a rir.

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