Equilíbrio de poder na holding da família Espírito Santo posto à prova
A holding da família Espírito Santo vai reforçar o capital e
permitir a entrada de novos acionistas, o que poderá alterar o
equilíbrio de forças que existe atualmente.
A Espírito Santo Control vai realizar um aumento de capital de
até 120 milhões de euros e abrir o capital até 49% a investidores,
e já terá enviado os detalhes da operação por carta aos
acionistas, segundo avançou o Jornal de Negócios.
O núcleo duro da família controla 88,36% da holding, estando as
participações distribuídas de forma muito equilibrada: Ricardo
Salgado (17,5%), José Manuel Espírito Santo (18,53%), comandante
Ricciardi (17,84%), Maria do Carmo Moniz Galvão Espírito Santo
(19,37%) e Mário Mosqueira, o único elemento que não faz parte da
família, (15,57%).
Este aumento de capital irá testar a capacidade financeira de
cada um destes cinco acionistas, bem como os demais familiares que
controlam o restante da participação. Isto quando pelo terceiro ano
consecutivo o BES não vai distribuir dividendos.
Para garantir o sucesso da operação, caso os membros da família
não consigam acompanhar o aumento de capital, o ES Control poderá
levantar até 49% do capital através de novos investidores.
Embora assim a família consiga ainda manter a maioria (51%), este
modelo irá obrigar a um grande entendimento dentro do núcleo duro.
Além disso, poderá diluir participações e provocar um
desequilíbrio de poderes. Fica ainda por saber se haverá alguma
limitação no reforço de posição dos familiares. É que se um dos
elementos decidir fazer um reforço e, por exemplo, outro não
acompanhar o aumento de capital, acentua-se um desequilíbrio dentro
do próprio núcleo familiar.
O resultado da operação poderá ainda vir a ter influência na
escolha do sucessor de Ricardo Salgado como líder executivo do
grupo.
O alegado desentendimento entre Ricardo Salgado e José Maria
Ricciardi, noticiado em novembro, viria a encerrar com um acordo, mas
acabou por acelerar o processo de sucessão. A necessidade de
reforçar a sociedade e as holdings surge numa altura em que o grupo
se encontra pressionado pelo Banco de Portugal para reforçar a
solidez. Terá sido inclusivamente pelas preocupações do regulador
que o grupo realizou a reestruturação e colocou, pela primeira vez,
o BES e a Espírito Santo Finantial Group (ESFG) debaixo da Rio
Forte, juntando os braços financeiro e não financeiro.