Rogério CasanovaO calvário gnóstico de Steven SeagalO Natal chegou e partiu, devidamente pontuado por filmes de Steven Seagal. Talvez tenha sido acidental - uma coincidência de programação - ou talvez seja uma tentativa do universo para corrigir uma injustiça: a sua habitual exclusão do cânone tradicional da quadra festiva (Música no Coração, Fuga para a Vitória, Die Hard, etc.). Qualquer tradição suficientemente ampla para incluir os três exemplos anteriores tem de encontrar espaço para a obra de Seagal, um repositório de narrativas, temas e imagens com conotações religiosas muito mais contundentes do que qualquer obra concorrente - tanto nos aspectos ocultos como até nos mais superficiais (O Homem que Brilha, transmitido nesta semana pelo canal Hollywood, começa praticamente com o grande plano de um cadáver crucificado, a que se seguem dois close ups de uma coroa de espinhos e uma chaga trespassada por um prego).