UNESCO

Adriano Moreira

O outono da ordem global

O fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) criou a esperança de conseguir, com a criação da ONU e da UNESCO, apoiar a utopia que prometia uma ordem jurídica global e em paz. A relação entre o passado guardado pela história e a definição do esperado futuro implicou não esquecer os milhões de mortos nos combates e demais atrocidades presentes na experiência dos que assumiram reinventar a governança, destacando-se em resposta uma espécie de santos laicos, já na última idade, como foram Gandhi e Mandela, pilares da liberdade, e no Ocidente, no qual se professava o fim da supremacia colonial, também vendo assumir a governança por homens que, apesar da vida de longos anos, tinham a inspiração de que se ocupara Vieira, já passados séculos.

Adriano Moreira

A insegurança

Segundo notícias, são avaliados 50 milhões de seres humanos atingidos pela pandemia, e entre novas notícias, provavelmente a de que há 27 concelhos portugueses que têm mais de mil casos por cem mil habitantes. Estas, possivelmente não inteiramente identificadoras da dimensão da crise, agravaram-se quando a OMS divulgou que a Europa se transformou num novo epicentro do vírus, porque na vigorosa Alemanha, na Espanha, na Itália, e agora Portugal, o espaço Schengen sofre uma rude prova, a qual, segundo o Le Monde, poderá ser a recessão. Não é uma notícia que amenize a questão, a qual é mundial e não só europeia, que o teimoso Trump tenha há poucos dias declarado o estado de emergência, que lhe deve contribuição de teimosa conduta.

Adriano Moreira

A defesa dos valores ocidentais

O fim da Segunda Guerra Mundial, que foi noticiado como "uma alegria coberta de lágrimas", encontrou em homens excecionais a capacidade de recriar um futuro de esperanças. A principal criação foi, da parte dos ocidentais, a organização da ONU, rapidamente secundarizada pela nova Ordem dos Pactos Militares (NATO - Varsóvia), que não impediu os conflitos marginais, sobretudo no sul do globo, com custos humanos que silenciaram praticamente os paradigmas da ONU. A mudança inquietante da circunstância não impediu que a Assembleia Geral adotasse em 2005 o princípio de uma "responsabilidade de proteger", que, como escreveu Delphie Placidi (2011), "provocou a desconfiança de numerosos Estados".