Ana Maria e Florbela conversam, sentadas junto às bancas no Mercado Forno do Tijolo, em Arroios. Têm pouco que fazer. Com a entrada do supermercado foram empurradas para o canto da praça que já foi grande. "Desde que o supermercado passou a vender hortaliça, fruta, peixe, isto morreu", lamenta Ana Maria. Desabafa: " Vendia no Chão de Loureiro, que fechou, daqui só para casa, fim da história". Florbela corrobora: "Algumas pessoas nem sabem que estamos aqui. Se viessem e fizessem contas, viam que aqui é melhor e mais barato".
Ana Maria Rosa, 56 anos, peixeira, e Florbela Filipe, 61, que vende fruta e legumes, ocupam duas das quatro bancas que restam do Mercado do Forno do Tijolo. Seis estão vazias. É uma das praças que a Câmara Municipal de Lisboa abriu à iniciativa privada (ver quadro). Ana Maria veio do Mercado Chão de Loureiro, substituído pelo mesmo super, o Pingo Doce, onde a mãe vendeu 45 anos. "Se não fossem os restaurantes, não valia a pena. Temos os nossos clientes, levamos a casa, mas à quarta e à quinta é uma tristeza", lamenta Ana.