Política
28 janeiro 2022 às 00h15

"Pelo menos 99 deputados". A previsão de Rui Rio para travar "maioria" de Costa

Previsão colocaria PSD próximo dos resultados de Passos Coelho, em 2011. PS quer a "maioria absoluta", nove deputados é a "surpresa" do CDS, Livre tem a meta nos três, IL nos cinco, BE quer continuar o 3º. partido, PCP quer "reforçar" e Ventura sonha com "presença" no governo.

A fasquia social-democrata é aproximar o partido dos resultados de 2011 (108 eleitos) superando o número de deputados eleitos em 2015 (89) e 2019 (79). "Temos a expectativa que subiremos mais de 20 deputados, nos cálculos mais realistas. Ou seja, pelo menos 99", assegura fonte da direção do PSD.

"Vamos subir no Porto e Lisboa em número de deputados, significativamente. Dois, pelo menos, no Porto, e outros dois, pelo menos, em Lisboa", o que significa, no caso do Porto, passar de 15 para 17 deputados [a luta por 80% dos eleitos tem sido sempre entre PSD e PS] e em Lisboa passar de 12 para 14 - no círculo da capital quase 70% parlamentares são socialistas e social-democratas.

A Norte, há dois círculos eleitorais onde, pelas contas do PSD, vai haver um aumento de deputados a seu favor: em Braga, a expectativa é eleger mais dois (passar para dez), desfazer o empate com o PS de 2019 e superar os resultados de 2015; em Aveiro, o projetado é chegar aos 8 deputados (mais dois) - em 2019, o PS elegeu sete e o PSD seis.

A Sul, há "certezas" em Portalegre e Évora e "ainda dúvidas" sobre Beja. "Nós achamos que em dois deles vamos estar de certeza absoluta", falta perceber, a noite eleitoral o esclarecerá, se com um ou dois deputados.

Em Évora, nas últimas legislativas foram eleitos dois deputados do PS e um do PCP. O PSD, nessa altura, ficou a mil votos de João Oliveira, líder parlamentar do PCP. Na prática, o objetivo, agora, é recuperar o deputado eleito em 2015. Nesse ano, os três lugares de Évora ficaram distribuídos entre socialistas, comunistas e a coligação PSD/CDS, que este ano só existe nos Açores e na Madeira.

Portalegre é a segunda "certeza". Em 2019, o PS ficou com os dois lugares disponíveis. Em 2015, houve um empate entre deputados eleitos, mas também aqui o PSD estava em coligação com os centristas. Desta vez, a expectativa é a eleição de um deputado.

Mais a Sul, em Beja, mora a "incerteza". O cenário atual que é igual ao de 2009 (dois deputados do PS e um do PCP) alterou-se em 2011 e 2015 com a eleição dos três deputados repartida entre PS, PCP e PSD. Para o regresso de um deputado, os sociais-democratas precisam de mais cinco a sete mil votos que os obtidos nas últimas legislativas.

Fonte da direção do partido, que não acredita em descidas eleitorais no resto do país - "não temos nenhum círculo eleitoral onde tenhamos menos" -, explica que as contas são feitas através das "sondagens internas e do cruzamento, que é feito, com outras sondagens", nomeadamente as da comunicação social.

"Temos mais possibilidades [de vitória] por uma questão simples: normalmente quando se está tão empatado, o movimento de mudança modifica, um pouco, a nosso favor o resultado eleitoral", sublinha.

No PS, que obteve 108 deputados em 2019, a meta para domingo anunciada por António Costa é clara: "Para servir bem Portugal e servir bem os portugueses, nós não precisamos de uma vitória qualquer, nós precisamos de uma vitória com maioria absoluta."

E para contrariar todos os que criticam, como José Manuel Pureza do BE - "essas maiorias são um porto de abrigo da grande corrupção" -, a única maioria maioria socialista, a de José Sócrates, António Costa tem recordado o seu passado como presidente da câmara de Lisboa. "Que não haja papões, toda a gente me conhece. Toda a gente sabe que sou uma pessoa de consensos, de compromisso e de diálogo (...) Não foi pelo facto de ter maioria absoluta deixei de dialogar com todos".

DestaquedestaqueEm média, só 17,5% dos partidos candidatos em cada círculo consegue eleger deputados. Lisboa, é de todos, o círculo que mais partidos (45%) coloca no parlamento. Portalegre tem a mais baixa percentagem (6,25%).

Catarina Martins tem insistido na ideia de que um BE reforçado como terceira força política [foram 19 os eleitos em 2019] é "a derrota do racismo de André Ventura" e "a melhor lição que se pode dar ao Chega nestas eleições", mas também a certeza de que "vai ser preciso negociar orçamentos e um contrato para o país [com o PS] que responda aos problemas das pessoas".

João Cotrim Figueiredo, da IL, é mais claro nos objetivos: 4,5% dos votos que diz ser "francamente alcançável" e a obtenção de "cinco mandatos".

O fundador e candidato do Livre, Rui Tavares, também já estabeleceu o que será um bom resultado para o partido: conseguir formar um grupo parlamentar. A fasquia foi colocada na eleição de três deputados.

O PCP, que nunca estabeleceu metas precisas, tem apelado a um "reforço da CDU" [que elegeu 12 deputados em 2019] como "a mais sólida garantia para que os próximos anos não sejam de retrocesso". O que, nas palavras de Jerónimo de Sousa, para além da oposição à direita, "é mostrar a inutilidade desse objetivo [a maioria absoluta que o PS pede]". Apelos de voto útil do PS e PSD? João Oliveira diz que é apenas "tralha ideológica" que só tem como propósito perverter o sentido das eleições.

Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS, tem repetido a ideia de que o seu partido vai ser "a grande surpresa" com a eleição de deputados por "Leiria, Santarém, Setúbal e Viana do Castelo".

Tradução: eleger os atuais "cinco pelos mesmos círculos" e somar a esses a "surpresa", o que a acontecer daria nove deputados. Estratégia? "Todos aqueles que queiram um governo de direita em Portugal (...) só têm uma opção, é concentrar os votos à direita do PSD no CDS".

André Ventura, por seu lado, já fez as contas. "Se o Chega tiver 5% ou 6%, ou 4%, terá mais dificuldade em dizer 'bom, ficou claro e evidente que os eleitores querem o Chega no Governo'. Se o Chega tiver (...) de 8% para cima, de 7% para cima, aí eu penso, até pelo histórico que temos de coligações em Portugal, que aí exige-se presença no Governo".

Em média, só 17,5% dos partidos candidatos em cada círculo eleitoral consegue eleger deputados. Lisboa é, de todos, o círculo que mais partidos coloca no parlamento: 45% conseguem entrar. Ao invés, Portalegre tem a mais baixa percentagem (6,25%) de captação de partidos. O cruzamento dos partidos eleitos, círculo a círculo, com as listas de candidaturas permite perceber que, para além de Lisboa, surge um grupo de cinco distritos que mais partidos acolhe: Porto, Santarém, Setúbal, Aveiro e Braga. Logo depois surgem Faro, Leiria e Coimbra.

Este ano, Bragança é o círculo onde menos partidos se apresentam a votos (13); Lisboa (20), Porto (19), Setúbal (19) e Europa (19) são os que têm, nos boletins de voto, mais partidos inscritos. A grande maioria anda pelos 17 partidos. Évora, Viana do Castelo, Vila Real e Açores ficam ligeiramente abaixo com 15 partidos registados.