Política
27 setembro 2021 às 01h44

Um inesperado passo atrás no terceiro mandato de Rui Moreira

Autarca foi reeleito, mas a esperada vitória trouxe um inesperado revés: os resultados conhecidos ao fim da noite apontavam para Rui Moreira perder a maioria absoluta, falhando também outros dois objetivos assumidos: a primeira maioria absoluta na Assembleia Municipal e a vitória na mais populosa freguesia da cidade, Paranhos.

Acabou por ser bem mais longa do que esperado a noite eleitoral para Rui Moreira. Se a reeleição do autarca não estava em dúvida nem na mais "pessimista" das sondagens, a hipótese de perder a maioria absoluta na Câmara do Porto cedo transformou a esperada festa em indisfarçável ansiedade, que se prolongou noite dentro numas eleições que castigaram ainda o PS (pode perder dois mandatos) e mantinham em aberto, à hora de fecho desta edição, a hipótese de o Bloco de Esquerda eleger pela primeira vez um vereador na segunda autarquia do país.

Com a maioria absoluta conquistada em 2017, o movimento independente liderado por Rui Moreira, com o apoio de CDS e Iniciativa Liberal, não escondia para estas eleições a ambição de, pela primeira vez, obter uma maioria absoluta também na Assembleia Municipal e ganhar a mais populosa freguesia da cidade, Paranhos - cujo autarca, o social-democrata Alberto Machado, estava impedido de se recandidatar por ter atingido o limite de mandatos.

A noite acabaria por ser então, se não um balde, pelo menos um copo de água fria para Moreira, que parte para o terceiro mandato acossado pelo caso Selminho, mas a quem todas as sondagens davam uma confortável maioria. Não só não conseguiu ampliar o seu universo de influência na cidade - Paranhos continuou na esfera do PSD e na Assembleia Municipal deverá até perder mandatos - como pode ter visto fugir a maioria absoluta conquistada há quatro anos, pelos resultados conhecidos à hora de fecho desta edição, com a incerteza a prolongar-se até ao último voto.

Pouco depois de as projeções televisivas anunciarem a esperada vitória de Rui Moreira, Francisco Ramos, presidente da direção da Associação Cívica Porto, o Nosso Movimento, foi o primeiro a dar a cara para, em curta declaração, afirmar "grande satisfação" com a reeleição e anunciar que Moreira só falaria após ter resultados finais.

Ficou aí o mote para a longa noite de ansiedade na sede da candidatura nos Aliados - pouco abaixo do edifício a partir de onde Rui Moreira governa a cidade há oito anos -, apesar do entusiasmo popular das apoiantes do autarca que disputavam os melhores enquadramentos em frente às câmaras de televisão os seus pregões sonoros de apoio a Moreira, por entre sandes de presunto e mínis distribuídas pela entourage da candidatura.

Rui Moreira chegara à sede de campanha pouco depois do fecho das urnas, por volta das 20.05, com um máscara da presidência portuguesa do conselho da União Europeia que terminou em junho. À chegada, garantiu que se sentia "muito bem", depois de ter começado o dia "n[a Praia d]o Homem do Leme, a ver o mar", ter votado na secção 34 do Centro Escolar S. Miguel de Nevogilde, almoçado com a mulher, a mãe e as irmãs e tirado "uma soneca" durante a tarde.

Sem discurso escrito "porque dá azar", e ainda sem saber as projeções, garantiu: "Se Deus permitir, cumprirei o meu terceiro mandato até ao fim". Depois, fechou-se nos bastidores da sede, onde ainda recebeu "o abraço" do líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, e esperou, esperou, esperou... até à contagem do último voto.

rui.frias@dn.pt