27 DEZ 2019
27 dezembro 2019 às 00h04

Número de campistas cresceu 27% em cinco anos

Os 240 parques de campismo do país têm aumentado o número de hóspedes, quer nacionais quer estrangeiros, acompanhando o crescimento do setor do turismo. Mas o campismo selvagem e as novas formas de alojamento têm feito mossa.

Sónia Santos Pereira

Portugal continua a somar recordes no turismo. Neste ano, as previsões apontam para que as receitas do setor atinjam os 18 mil milhões de euros e o número de hóspedes ultrapasse os 26 milhões. Este boom também chegou aos parques de campismo que, nos últimos anos, têm registado um aumento do número de utentes. Entre o verão de 2014 - ano em que o país começou a despertar um maior interesse internacional - e o deste ano (meses de junho, julho, agosto e setembro), a hotelaria de ar livre registou mais 289 mil clientes, um aumento de 27%. Neste período, contabilizou-se mais 126 mil turistas estrangeiros, uma subida de 37%, que optaram por este tipo de alojamento para fazer férias no país.

No verão deste ano, os 240 parques de campismo e caravanismo portugueses receberam mais de 1,3 milhões de pessoas, com os turistas estrangeiros a representar 33,7%, segundo dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O top 5 das principais nacionalidades que optaram por este alojamento é liderado pelos espanhóis, seguindo-se os franceses, os alemães, os holandeses e os britânicos. Os portugueses são os principais clientes da hotelaria ao ar livre no país e a sua adesão também tem vindo a crescer. Neste verão, mais de 900 mil portugueses fizeram campismo, um sinal de maior confiança na economia, mas também da descida histórica do desemprego.

Concorrência agressiva

O volume de negócios desta área de atividade "tem-se mantido relativamente estável", diz Beatriz Santos, diretora da Orbitur, empresa líder deste mercado em Portugal. A responsável atribui essa estagnação a fatores como "a proliferação do campismo selvagem, caso da pernoita de muitos autocaravanistas - sobretudo estrangeiros - fora dos locais licenciados para o efeito, o campismo ocasional de duvidosa qualidade, a maior parte associado a muitos dos festivais de música que proliferam no verão" e a "uma concorrência cada vez mais agressiva, com a multiplicação de variadas fórmulas na oferta de alojamento".

Segundo o INE, registaram-se mais de 4,6 milhões de dormidas em parques de campismo neste último verão, um aumento de 16,8% relativamente ao verão de 2014. Já a estada média neste estio foi de 3,39 noites, quando em igual período de há cinco anos era de 3,68. Segundo Beatriz Santos, "apesar de algum aumento da procura, que se traduz no número de hóspedes, nos últimos três anos rondando uma média de 2,5% em todo o setor", isso nem sempre se reflete no número de dormidas ou na permanência média, devido, nomeadamente, à ocorrência de chuvas no período alto de férias.

Novo parque

No ano passado, os parques de campismo nacionais acolheram cerca de dois milhões de pessoas e registaram mais de 6,9 milhões de dormidas. A Orbitur, que tem na sua alçada 22 destes empreendimentos, representou cerca de 15% das dormidas em 2018, sendo certo que a maioria dos seus hóspedes são estrangeiros (55%), uma tendência bem acima dos restantes equipamentos de hotelaria ao ar livre, com pouco mais de 30% de clientes de outras nacionalidades.

A Orbitur, que emprega em permanência 250 colaboradores - número que triplica na época alta -, está a aguardar a aprovação do novo parque de campismo da Quarteira, no Algarve, num terreno de 18 hectares. Este empreendimento vai substituir o que está em operação e terá uma capacidade para 2860 campistas, mais 850 que o atual.