Exclusivo 'O Ano da Morte de Ricardo Reis', o livro que juntou José e Pilar

A viúva do escritor e presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, recorda como o livro publicado em 1984 a trouxe a Lisboa e a Saramago. E conta como era a relação dele com o cinema: um cinéfilo, que gostava de Fellini e de Blade Runner.

Se não fosse O Ano da Morte de Ricardo Reis talvez José e Pilar nunca se tivessem conhecido. O primeiro livro de José Saramago que Pilar del Río leu foi O Memorial do Convento. A jornalista gostou tanto que quis ler todos os títulos daquele autor português e depois de ler O Ano da Morte de Ricardo Reis e de ter espalhado o vírus Saramago por entre os amigos, decidiu vir a Lisboa para conhecer aquela cidade de colinas e passeios empedrados por onde tinha andado Fernando Pessoa. "Vim, não conhecer o autor mas para seguir a rota do livro", conta Pilar. "Vim de Sevilha, com amigos, todos fascinados com o livro, e trazia o meu exemplar para me guiar." Um dia, encheu-se de coragem e telefonou a José Saramago para lhe dizer o quanto tinha gostado do seu livro e como gostaria de conversar com ele. Encontraram-se no dia 14 de junho de 1986.

O escritor contou, no filme José e Pilar, documentário de Miguel Gonçalves Mendes, como foi esse encontro: "Fizemos um percurso muito pouco romântico, que foi ir ao Cemitério dos Prazeres, onde o corpo de Pessoa já não estava, daí fomos ao Mosteiro dos Jerónimos, para onde ele tinha sido trasladado, e sentámo-nos nos claustros a conversar. Nisto, devemos ter levado duas horas, duas horas e meia. E aí ficou tudo. Gostei de tê-la conhecido. E tive o pressentimento de que aquilo seria o início de algo mais profundo."

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