Que balanço faz da presidência portuguesa da UE, que agora termina?
É uma presidência regular, que teve uma infelicidade grande porque a pandemia atacou muito fortemente nos primeiros meses do ano e prejudicou os trabalhos. Mas a agenda ia ser marcada não por qualquer estratégia portuguesa mas pela conjuntura altamente complexa. E tinha em primeiro lugar a ver com a vacinação em que as coisas não correram bem e não se viu uma proposta efetiva nessa área. Um segundo ponto que não correu como esperado é a questão da circulação e harmonização das regras, o que tem a ver com o certificado digital. A presidência portuguesa devia ter procurado sempre uma uniformização dessas regras, mas falhou. Ou seja pode ser muito útil, mas vai dar origem a que cada estado possa decidir condições diferentes. Isto não devia acontecer, devia haver níveis a partir dos quais as medidas seriam iguais. A sra. Merkel disse que o país que estava na presidência , enquanto os outros proibiram a entrada de britânicos, Portugal permitiu a sua entrada. Ou seja, Portugal resolveu as coisas por si, sem procurar fazer uma ligação com todos os outros. O espaço Schengen está destruído e precisa de ser reconstruído e sabemos que a pandemia está com estes altos e baixos não dá para o reconstruir todo, mas o certificado digital tinha essa função e não vai servir para isso. Isto até vale para o plano nacional porque o Presidente da República até sugeriu que se usasse o certificado digital no plano nacional para facilitar o acesso a eventos desportivos e culturais, só que as pessoas que não têm a vacina, porque ainda não a obtiveram, têm de pagar os testes. E isso é uma discriminação brutal. O Parlamento Europeu tinha posto como exigência na sua proposta de legislação que os testes fossem gratuitos, como são em França, e, no entanto, o Conselho presidido por Portugal não aceitou isso. É verdade que a Comissão disponibilizou 100 milhões de euros para baixar s custos, mas qual é família portuguesa com salário mínimo ou médio, mesmo falando de antigénios, que pode gastar 20 ou 30 euros cada vez que vai fazer um teste. Já não falo dos PCR que são de 90 ou 100 euros.