Costa, Macron e Sánchez juntos, em Lisboa, em tempos difíceis
O tema da cimeira desta sexta-feira é a ligação energética da Península Ibérica a França. Mas o momento político na União Europeia também será tema de conversa
Lisboa vai receber uma cimeira relevante. António Costa, Emmanuel Macron e Pedro Sánchez encontram-se para assinar um acordo sobre energia. Mas os primeiros-ministros de Portugal e Espanha e o presidente francês querem aproveitar o momento para dar um sinal de cooperação sobre o futuro da União Europeia.
Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, sublinha ao DN que "o alinhamento das posições de Portugal, Espanha e França é um importante sucesso na política europeia."
"O alinhamento das posições de Portugal, Espanha e França é um importante sucesso na política europeia"
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O embaixador francês, Jean-Michel Casa, nota que "o momento" é significativo, sobretudo após a chegada ao poder de Sánchez a 1 de junho. O diplomata destaca a "visão comum" dos três, em temas como a União Económica e Monetária, a imigração e as relações com o resto do mundo - a começar pelos EUA.
Estava prevista também a presença do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, mas uma urgente reunião com a administração americana, em Washington, no dia 25, impede-o de comparecer. Juncker vai encontrar-se com Donald Trump, uma semana depois de o presidente americano ter eleito a UE como um "inimigo" comercial. Em substituição de Juncker estará na cimeira de Lisboa o comissário espanhol com o pelouro da energia, Miguel Arias Cañete.

Manuel Caldeira Cabral
© Gerardo Santos / Global Imagens
Nos últimos dias houve várias reuniões entre os grupos de trabalho dos três países. Manuel Caldeira Cabral explica ao DN o objetivo de Portugal: "O aumento da interligação a França para uma capacidade cinco vezes maior, põe fim ao isolamento do mercado ibérico, contribuindo para baixar os custos da energia aos cidadãos e empresas e abrindo novas possibilidades de expansão para as energias renováveis em Portugal. Esta é uma vitória importante numa reivindicação pela qual Portugal há muito lutava."

Emmanuel Macron e António Costa no Conselho Europeu de 28 de junho, em Bruxelas
© Francois Lenoir/Reuters
Em cima da mesa estará um compromisso de avançar nas ligações de distribuição de energia elétrica entre os três países. A Península Ibérica funciona como uma ilha, na rede europeia de energia, sem a ligação dos seus sistemas com França, que é a porta de acesso ao mercado europeu. Para Portugal, este é um assunto importante, uma vez que dispõe de capacidade para exportar energia renovável.
A ligação entre o Minho e a Galiza é um projeto em curso, mas é decisiva a obra mais difícil. A linha do golfo da Biscaia - com um troço submarino de cerca de 280 km - deve estar concluída até 2025 e duplicará a capacidade de permuta até 5 000 MW.
O Conselho Europeu fixou como meta haver a disponibilidade de transporte transfronteiriço de energia equivalente a 10% da potência instalada no país, até 2020. Nesta altura, Portugal e Espanha estão próximos do objetivo, com 9% de interligação disponível. Mas entre Espanha e França, não passa dos 3%, ou seja, está longe de atingir a meta. Esta será a oportunidade de haver um compromisso para resolver o problema. Em 2015, Passos Coelho, Rajoy e Hollande encontraram-se em Madrid para dar início a esta colaboração dos três países.