Do lado europeu e também da NATO, esperava mais assertividade da parte dos líderes ou ainda estão em clima de lua-de-mel com Biden?
Os aliados da NATO enfrentam um dilema. Por um lado sabem que não são capazes de enfrentar o sistema internacional em mudança sem o apoio dos Estados Unidos. Há uma dependência no que respeita à segurança que está longe de estar ultrapassada. Os quatro anos de Trump na Casa Branca mostraram isso. Mas, mais importante, as desconsiderações diplomáticas para com a Europa, nomeadamente da Turquia (também aliado da NATO), da Rússia, de Marrocos, bem como o gravíssimo incidente na Bielorrússia são demonstrações muito significativas da incapacidade dos aliados europeus de se defenderam. Estes episódios só foram possíveis porque os Estados em questão sabiam que não iriam sofrer consequências significativas. Daí a crucial importância de reposicionar a Aliança Atlântica dando-lhe uma nova força, no mínimo, dissuasora. Por outro lado, a administração americana quer uma NATO anti-chinesa, coisa que desagrada a muitos aliados europeus, que sabem que podem sofrer represálias a nível económico. A Europa não quer ser anti-chinesa, mas precisa do chapéu-de-chuva da Aliança Atlântica para ser um ator internacional. O resultado foi que, apesar das reticências europeias, a administração norte-americana conseguiu que as declarações e comunicado final mencionassem a China como "desafio sistémico" à Aliança Atlântica. Biden provavelmente quereria uma linguagem mais forte, mas foi um passo em frente relativamente às intenções americanas.