ADSE não cede e diferendo com privados mantém-se
O Conselho Geral e de Supervisão da ADSE reúne-se hoje com a ministra da Saúde para lhe dar a conhecer asua preocupação. O Grupo Hospital Particular do Algarve também ameaça romper acordo.
Ainda não será desta que a "guerra" entre os prestadores privados de saúde e a ADSE ficará resolvida. A reunião marcada para esta tarde, entre o Conselho Geral e de Supervisão (CGS) do subsistema de saúde dos funcionários públicos e a ministra da Saúde, servirá para dar conta das preocupações a Marta Temido. O presidente do CGS, João Proença, referiu ao DN/Dinheiro Vivo que o objetivo é avançar para as negociações reafirmando a necessidade de "um urgente diálogo".
João Proença sublinha que "o governo é a nossa tutela, não é parte desinteressada, não é árbitro, não é moderador. É parte interessada". O antigo líder da UGT espera, de resto, que o governo "defenda os interesses da ADSE, lembrando contudo que "as posições do Conselho Geral e de Supervisão não são necessariamente as da ADSE" e que o que "importa é negociar", reforça o presidente do CGS.
A reunião, a pedido do Conselho Geral e de Supervisão, vai decorrer no Ministério da Saúde e contará com a presença de Marta Temido e do secretário de Estado adjunto e da Saúde, Francisco Ramos. Ainda estava em dúvida a presença de um elemento do Ministério das Finanças, que tutela a Administração Pública.
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HPA ameaça
É o quarto grupo privado de saúde a denunciar o acordo com a ADSE: uma fonte do Grupo Hospital Particular do Algarve (HPA Saúde) referiu ontem ao Jornal de Notícias que "comunicou à ADSE a intenção de efetivar a denúncia do acordo de convenção, nos termos e prazos previstos no mesmo". Este grupo detém 17 hospitais e clínicas na zona sul do país e ainda uma unidade na Madeira. O HPA Saúde junta-se ao grupo Luz Saúde, José de Mello (CUF) e Lusíadas que já anunciaram a denúncia do acordo de convenção.
A rutura acontece depois de a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) ter contestado, em dezembro, a devolução de mais de 38 milhões de euros, considerado em faturação excessiva, aos prestadores de cuidados no regime convencionado.
Além de contestar o processo de regularização, relativo à faturação dos anos de 2015 e 2016, a associação queixa-se da falta de avanços na negociação de novas tabelas de preços, tendo a última reunião com a ADSE sobre a matéria decorrido no final de outubro, bem como de atrasos nos pagamentos.
Ao que o DN/Dinheiro Vivo apurou, dois dos grupos privados de saúde que anunciaram a suspensão dos acordos com a ADSE são os que mais perdem com o fim das convenções. Na Luz Saúde referente a 2017, a ADSE foi responsável por cerca de 23% das vendas e serviços prestados. De acordo com os cálculos efetuados pelo DN/Dinheiro Vivo, trata-se de um montante que atinge quase os 115 milhões de euros, num bolo total de 483,8 milhões de euros de rendimentos operacionais, o que corresponde aos tais 23%. Já no caso da José de Mello Saúde, o peso na "faturação é de cerca de 18%", adiantou ao DN/Dinheiro Vivo fonte oficial do grupo.