Política
17 junho 2021 às 21h08

Governo assustado com contágio ao resto do país impõe cerco na região de Lisboa

Área Metropolitana de Lisboa "encerrada" já no próximo fim de semana. Na capital especificamente não muda nada - provavelmente só para a semana que vem

João Pedro Henriques

Como se previa desde quarta-feira, as decisões tomadas no Conselho de Ministros relativas especificamente ao concelho de Lisboa mantiveram na cidade as medidas de mitigação da pandemia exatamente como estavam, não mudando nada. Os restaurantes, por exemplo, podem continuar a funcionar até às 22h30.

Contudo, face aos valores em crescendo da incidência pandémica na capital e nalguns concelhos limítrofes, e ouvindo a pressão de muitos especialistas para se decretarem de imediato medidas de retrocesso no desconfinamento, o Executivo sentiu que tinha de fazer alguma coisa. A discussão fez-se em plena reunião do Conselho de ministros, ontem, no Palácio da Ajuda.

A decisão foi impor em redor da área metropolitana de Lisboa, aos fins de semana, uma espécie de cerca sanitária. Começa já hoje às 15.30 e irá até às 6h00 da manhã da próxima segunda-feira. Não se pode entrar nem sair da AML, a área que inclui os concelhos de Almada, Amadora, Barreiro, Loures, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Setúbal, Vila Franca de Xira, Lisboa, Cascais, Sintra, Sesimbra e Alcochete.

Pode-se, no entanto, circular dentro da AML, entre os concelhos que a integram. O "cerco de Lisboa" poderá prolongar-se por vários fins de semanas - o Governo claramente quer evitar que a região de Lisboa contagie o resto do país, como parece já estar a acontecer, ainda por cima com uma cada vez maior prevalência da variante Delta do vírus, uma variante importada da Índia.

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"Obviamente que é difícil a explicação e a tomada destas medidas, mas é uma condição que nos pareceu fundamental neste momento para não fazer alastrar a todo o país a situação que se vive em Lisboa", respondeu aos jornalistas a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, no final do Conselho de Ministros que tomou a decisão.

Quanto ao concelho de Lisboa, mantém-se tudo como está - mas na próxima semana, mantendo-se os atuais níveis pandémicos, o mais certo é que o Governo faça o desconfinamento retroceder um passo. Isso terá sobretudo consequência nos horários do comércio aos fins de semana. Genericamente (exceto comércio alimentar) tudo fechará às 15h30, começando pelos restaurantes (e esta é a fase em que atualmente só está um concelho, Sesimbra).

Lisboa fica como está e na sua fase de desconfinamento ficam também, como já estavam, Braga e Odemira. A estes concelhos, juntam-se agora outros seis: Albufeira, Arruda dos Vinhos, Cascais, Loulé, Sertã e Sintra.

Entretanto, há vinte já em situação de alerta para a possibilidade de retrocederem no desconfinamento - sendo grande parte na AML: Alcochete, Águeda, Almada, Amadora, Barreiro, Grândola, Lagos, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Sardoal, Seixal, Setúbal, Sines, Sobral de Monte Agraço e Vila Franca de Xira.

Mas há mais: quanto ao resto do país, a ministra porta-voz da reunião avisou que o mais provável é que não seja possível avançar no desconfinamento como estava previsto que aconteceria a partir de 28 de junho (com os restaurantes, por exemplo, a poder cumprir sem limitações os seus horários normais que tinham antes da pandemia).

"Semanalmente, fazemos aqui a avaliação do ponto de situação a nível nacional e ela hoje afasta-se claramente da zona verde [da matriz de risco], o que significa que para a semana, quando estava prevista uma nova fase de desconfinamento, ela muito dificilmente com estes números - e se continuarem estes números - se poderá verificar", afirmou a governante.

joao.p.henriques@dn.pt