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16 MAR 2019
16 março 2019 às 10h15

Europeias. Rio entra em força na campanha com Paulo Rangel

O cabeça-de-lista do PSD e o líder do partido vão andar na estrada em campanha. Rangel começa já hoje na Grande Lisboa e não para até 26 de maio.

Paula Sá

As agendas vão estar "muito articuladas" entre o cabeça-de-lista do PSD às eleições europeias e o líder do PSD nesta fase de pré-campanha eleitoral, mas vai intensificar-se mais durante o período da campanha propriamente dita. Paulo Rangel e Rui Rio vão andar em todo o país.

O líder da lista de candidatos sociais-democratas ao Parlamento Europeu fez saber que as regiões autónomas estarão no seu roteiro, com muito destaque para a Madeira, que tem eleições regionais neste ano, mas também os Açores, que ameaçam não entrar na campanha ou sequer receber quem os visite do partido (ver peça secundária).

O modelo de campanha de Paulo Rangel, que já foi o cabeça-de-lista do partido nas duas últimas europeias (em 2014 em coligação com o CDS), será feito em articulação também com as distritais e concelhias do PSD. Os candidatos que o acompanham na lista deverão ser apresentados no dia 30 de março, mas o programa eleitoral ficará para mais tarde, apurou o DN.

Em verdadeira pré-campanha eleitoral, Rangel estará hoje em Loures, Sintra e na Lourinhã. Amanhã ruma a Figueiró dos Vinhos. A partir da Páscoa, altura em que terminam os trabalhos do Parlamento Europeu, o eurodeputado (que também é vice-presidente do PPE) entra em modo de campanha e a todo o gás, segundo fontes da sua candidatura.

Pedro Marques, o adversário do PS, será o grande alvo do candidato social-democrata, que tentará, segundo as mesmas fontes, "desmascarar o mito de que foi um grande ministro do Planeamento e Infraestruturas".

Outra linha da campanha de Paulo Rangel que já está clara é valorizar o peso do PSD no Parlamento Europeu por comparação com o PS. Os deputados sociais-democratas, em particular José Manuel Fernandes, que é o terceiro da lista do partido, estão muito bem cotados no ranking de atividade do PE.

Rio pediu combate à abstenção

O líder do PSD assumiu nesta quarta-feira, em Coimbra, na reunião do Conselho Nacional (órgão máximo entre congressos) para aprovar a lista de candidatos às europeias, que o PSD entrou em "pré-campanha". Rui Rio manifestou-se "francamente otimista" quanto ao futuro resultado eleitoral do PSD nas eleições de 26 de maio. E lançou um desafio para que isso venha a acontecer: que o partido se mobilize para combater a abstenção. Rio deu ainda o argumentário que os dirigentes e militantes devem usar para convencer o eleitorado a votar no PSD, baseado em quatro ideias-chave. "Temos de ser capazes de convencer os portugueses de que a Europa é cada vez mais importante na nossa vida" é uma das mensagens a transmitir, assim como lembrar que estas eleições são "uma oportunidade para censurar o governo" e que os que não forem votar têm "menos legitimidade moral" para fazer essa crítica. O ranking de performance dos eurodeputados no Parlamento Europeu foi o último argumento dado por Rio.

Considerou também muito relevante lembrar aos portugueses a importância da reforma da União Económica e Monetária. Neste ponto defendeu, entre outras coisas, a criação de um fundo de garantia bancária europeu capaz de ter escala e manter seguras as poupanças dos portugueses e dos europeus em caso de futuras dificuldades. "Se isto for explicado toca muito os portugueses", considerou o líder social-democrata.

Apesar do protesto dos Açores, a lista de candidatos do partido foi aprovada por voto secreto por larga maioria, com 70 votos a favor (91%) e sete contra.

PSD-Açores ameaça não fazer campanha

O PSD-Açores está muito zangado com o líder do PSD. O líder regional, Alexandre Gaudêncio, afirma ao DN que irá ouvir os órgãos do partido na região autónoma, mas já há duas hipóteses na mesa para manifestar o "desagrado profundo" por não ter sido dado aos Açores, como era "tradição há 30 anos", um lugar elegível na lista de candidatos às eleições europeias: não fazer campanha e não receber os candidatos do PSD que vão às ilhas tentar convencer o eleitorado.

"Rui Rio não foi amigo das autarquias", argumenta Alexandre Gaudêncio, que foi eleito para a liderança do PSD-Açores em setembro do ano passado. O dirigente regional lembra que o PSD-A tem os seus órgãos próprios e autonomia em relação ao partido nacional, algo que está consignado nos estatutos.

"Existia uma tradição com 30 anos de ter um elemento dos Açores em lugar elegível na lista de candidatos. Fizemos o trabalho de casa indicando, por unanimidade, o nome de Mota Amaral, mas não fomos tidos nem achados", frisou ainda.

Há 15 dias tinham recebido a informação da direção do PSD de que não haveria um lugar elegível para os Açores. Mota Amaral ficaria em 8.º, quando o PSD nas europeias de 2014 elegeu apenas seis eurodeputados. "Até ao Conselho Nacional, na quarta-feira, tínhamos a esperança legítima de que as coisas poderiam alterar-se", afirma Alexandre Gaudêncio.

Mas não se alteraram. "E vão ter consequências políticas", garante o presidente do PSD-Açores, que considera que Rui Rio "está a criar um divisionismo" no partido.

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O antigo autarca da Ribeira Grande, que ganhou a liderança do partido a nível regional com 61% dos votos em diretas, apontou como principal objetivo a vitória sobre o PS nas regionais de 2020. Sente que a posição da direção nacional do PSD nas europeias fragiliza o partido a nível regional e promete uma "posição de força". "Quem não se sente não é filho de boa gente" e insiste: "Com esta decisão perde o país e a Europa".

Mota Amaral não quis comentar o desfecho da lista do PSD e o facto de os Açores terem ficado de fora da lista de candidatos. Mas no partido, há quem lembre que os Açores são uma região ultraperiférica da União Europeia, e que até por esse motivo deveria estar representada no Parlamento Europeu.

No partido central desvaloriza-se a "pressão" dos Açores, porque, argumentam fontes sociais-democratas, só representam perto de 13 mil votos.

Nas europeias de 2014 o nome indicado pelos Açores foi o de Sofia Ribeiro, que deixa a 26 de maio, data as eleições, o mandato no Parlamento Europeu.