O FC Porto igualou nesta terça-feira a sua melhor pontuação de sempre numa fase de grupos da Liga dos Campeões ao vencer o Galatasaray, em Istambul, por 3-2. Os dragões atingiram os 16 pontos - só cederam um empate no primeiro jogo com o Schalke - tantos quantos a equipa de 1996-97, orientada por António Oliveira e com Sérgio Conceição como jogador. Só que, desta vez, os azuis e brancos registaram melhor saldo de golos (15 marcados e seis sofridos), o que torna esta a melhor prestação de sempre.
O segredo do quinto triunfo consecutivo na Champions esteve na eficácia, pois o FC Porto marcou nos três únicos remates na direção da baliza, um facto que desmoralizou o Galatasaray, que, ainda assim, apelou à alma e esteve perto de chegar ao empate, não fosse Feghouli ter desperdiçado um penálti aos 67 minutos. Além do prestígio e da campanha quase imaculada na prova milionária, os dragões somaram mais 2,7 milhões de euros pelo triunfo em Istambul, totalizando neste momento 67,95 milhões de euros só em prémios de performance e participação... um autêntico Euromilhões.
Com o apuramento e o primeiro lugar garantidos, Sérgio Conceição abordou esta última partida da fase de grupos da Champions numa perspetiva de gestão sem descurar a competitividade necessária para garantir um bom jogo e a possibilidade de chegar ao triunfo. Diogo Leite, Sérgio Oliveira, Herrera, Hernâni e Adrián López foram as novidades relativamente ao jogo anterior com o Portimonense e a resposta não podia ter sido melhor.
Nos primeiros minutos, o Galatasaray procurou o ataque impulsionado pelo seu público frenético, mas depressa percebeu que dificilmente conseguiria surpreender a organização defensiva dos dragões, que mantinham o jogo muito disputado a meio-campo e só por uma vez viram o perigo rondar a baliza de Casillas. Foi um lance em que o guarda-redes espanhol começou por fazer uma grande defesa e depois Diogo Leite tirou a bola em cima da linha de golo. Gerou-se então uma grande confusão, com os turcos a pedirem penálti por alegada mão do central portista, mas, depois de mais de um minuto a consultar os seus auxiliares, o bielorrusso Aleksei Kulbarov assinalou fora-de-jogo ao ataque turco.
O FC Porto mostrou depois uma enorme eficácia, pois na primeira vez que chegou à baliza de Muslera abriu o marcador, por Felipe, que respondeu de cabeça a um livre lateral cobrado por Alex Telles. Era o terceiro golo europeu do defesa portista, que assim gelava o ambiente em Istambul. Os turcos sentiram o golpe e mostraram dificuldades em criar situações perigosas, embora rondassem a baliza portista, sem objetividade. Ao invés, os dragões atacavam pela certa e numa dessas vezes Hernâni caiu na área, após um toque de Mariano, com o árbitro a não ter dúvidas e a assinalar penálti, que Marega transformou no segundo golo, marcando pela quinta vez na fase de grupos, algo que só Jardel conseguiu, na tal campanha de 1996-97.
O FC Porto tinha o jogo e o adversário na mão, mas no último lance da primeira parte Felipe derrubou Garry Rodrigues e o Galatasaray dispunha de um penálti para relançar a partida. Feghouli não perdoou e devolveu a esperança aos seus adeptos.
Ao intervalo, Fatih Terim, treinador do Galatasaray, lançou o avançado nigeriano Onyekuru e tirou o médio Ryan Donk, dando mais liberdade de movimentos a Garry Rodrigues. E a verdade é que os dragões sentiram muita dificuldade perante a nova estratégia do adversário. A ala direita dos turcos passou então a ser o principal foco de perigo para a defesa portista, pois os envolvimentos ofensivos de Derdiyok e Mariano iam abrindo espaços, ao mesmo tempo que Garry Rodrigues causava mais instabilidade.
Só que os dragões voltaram a mostrar uma eficácia a toda a prova e no terceiro remate à baliza fizeram o terceiro golo, num contra-ataque conduzido por Hernâni na direita, que serviu Sérgio Oliveira para o 3-1. O médio tornou-se assim o único português a marcar pelo FC Porto nesta edição da fase de grupos da Champions, num total de 15 golos apontados. A equipa de Fatih Terim sentiu depois na pele a revolta dos seus adeptos que assobiaram os seus jogadores em alguns períodos do jogo, descontentes porque a equipa vinha de cinco empates consecutivos em casa.
Contudo, os jogadores do Galatasaray reagiram à pressão dos adeptos. Com muita alma e sobretudo muito Garry Rodrigues, extremo cabo-verdiano que passou pela formação do Real Massamá, que começou por oferecer um golo a Derdiyok, que, sozinho na pequena área, atirou por cima. O suíço não desperdiçou pouco depois após mais uma assistência de Rodrigues. Foi um momento de grande desnorte do FC Porto, que logo a seguir viu o cabo-verdiano cair na área num lance com Maxi Pereira. Só que, na transformação do correspondente penálti, Feghouli rematou ao poste e perdeu a oportunidade de empatar a partida.
No banco, Sérgio Conceição percebeu que tinha de fazer alguma coisa para estancar o lado direito do ataque turco e lançou o brasileiro Jorge para ajudar Alex Telles, uma alteração decisiva, pois fechou a porta às investidas do Galatasaray, que também sentiu bastante o penálti falhado.
No jogo em que Casillas festejou as cem vitórias na Liga dos Campeões, o FC Porto manteve a tradição de nunca ter perdido na Turquia, terminando a fase de grupos sem derrotas pela terceira vez na sua história. Agora, segue-se a fase a eliminar, onde nos oitavos-de-final irá defrontar um dos segundos classificados nesta fase de grupos, à exceção do Schalke. Atlético de Madrid, Tottenham, Liverpool e AS Roma são para já os possíveis adversários dos dragões, faltam apenas saber três segundos classificados nos jogos desta quarta-feira.
O extremo de 27 anos ganhou pontos perante Sérgio Conceição depois de ter marcado o golo da vitória no Bessa, com o Boavista, e por isso mereceu a confiança do treinador para esta última partida da fase de grupos da Liga dos Campeões. E a resposta não podia ter sido melhor, pois fica ligado a dois lances decisivos do triunfo portista: primeiro ao arrancar o penálti que Marega transformou no 2-0, já na segunda parte arrancou pela direita e ofereceu a Sérgio Oliveira o terceiro golo, que valeu mais três pontos. Acabou substituído quando era preciso estancar o tudo por tudo dos turcos, mas a sua missão já estava bem cumprida.
FICHA DO JOGO
Arena Turk Telekom (50 000 espectadores)
Árbitro: Aleksei Kulbakov (Bielorrússia)
Galatasaray - Muslera; Mariano Ferreira, Maicon, Ozan Kabak, Nagatomo; Ryan Donk (Onyekuru, 46'), Fernando, Badou Ndiaye; Feghouli (Mugdat Çelik, 89'), Derdiyok, Garry Rodrigues
Treinador: Fatih Terim
FC Porto - Casillas; Maxi Pereira, Felipe, Diogo Leite, Alex Telles; Danilo Pereira, Sérgio Oliveira (Chidozie, 82'), Herrera; Hernâni (Jorge, 73'), Marega, Adrián López (André Pereira, 73')
Treinador: Sérgio Conceição.
Cartão amarelo a Fernando (87') e Marega (87').
Golos: 0-1, Felipe (17'); 0-2, Marega, (42' gp); 1-2, Feghouli (45'+1 gp); 1-3, Sérgio Oliveira (57'); 2-3, Derdiyok (65')
FILME DO JOGO