Desporto
09 junho 2023 às 23h08

Inter contra a Champions perfeita do City, de Guardiola e dos portugueses

Citizens e nerazzurris encontram-se hoje (20.00, TVI e Eleven Sports), no Estádio Olímpico Atatürk, em Istambul, numa final azul. Pep Guardiola pode fazer história a triplicar. Rúben Dias, Bernardo Silva e Cancelo querem erguer troféu europeu.

Na numerologia, o 3 é um número mágico. Para Pitágoras, o 3 é um número perfeito e para Aristóteles "o que é feito 3 vezes é lei". Tudo isso pode ser transportado para a final da Liga dos Campeões (sábado, às 20.00, TVI e Eleven Sports) entre o Manchester City (pode conseguir o triplete) e o Inter de Milão, que já tem três Champions e procura contrariar a perfeição e a magia da melhor equipa do mundo.

Três é também o número de "orelhudas" que Pep Guardiola ambiciona arrecadar como treinador. O espanhol pode fazer história a triplicar se der a primeira Champions aos citizens e chegar ao desejado triplete na época. Três é também o número que veste Rúben Dias, um dos... três portugueses - além de Bernardo Silva e João Cancelo, que jogou no Bayern Munique a partir de janeiro - que podem levantar o troféu, no Estádio Olímpico Atatürk, em Istambul.

O defesa central é aliás o jogador mais utilizado nesta edição da prova rainha da UEFA, com 958 minutos, e foi o escolhido para abordar o duelo de hoje: "Não seria a final da Liga dos Campeões se fosse fácil (...). Clube tem o mérito de construir um grupo de jogadores cheio de líderes. Quando chegam os grandes momentos, sabemos o que temos de fazer."

Depois de conquistar a Premier League e a Taça de Inglaterra, o City ambiciona um inédito triplete (treble, em inglês). Em toda a história do futebol, apenas sete clubes conseguiram conquistar o campeonato, a taça do respetivo país e a Liga dos Campeões: Celtic (1966-67), Ajax (1971-72), PSV (1987-88), Manchester United (1998-99), Inter Milão (2009-10), Bayern Munique (2012-13 e 2014-15), Barcelona (2008-09 e 2019-20).

Pep Guardiola já conseguiu um triplete no Barça (2008-09) e quer colocar um ponto final no jejum pessoal de 12 anos e conquistar a terceira Champions da carreira, depois das de 2008-09 e 2010-11 ao serviço do Barcelona. Se ganhar ao Inter, o catalão torna-se no quarto técnico a conseguir erguer três "orelhudas", imitando os feitos de Carlo Ancelotti, Bob Paisley e Zinédine Zidane. E será o sexto técnico a ser campeão ao serviço de dois clubes. Para o catalão o segredo do sucesso é simples: "Ter Messi antes e Haaland agora: esse é meu sucesso... Estou a brincar. Sozinhos não o conseguimos fazer. Todos os treinadores com sucesso têm uma equipa forte e bons jogadores. Um treinador nunca marcou um golo."

Com ou sem receita mágica, desde que o catalão assinou pelos citizens, em 2018, a equipa chegou quatro vezes às meias-finais (2015-16, 2020-21, 2021-22 e 2022-23) e uma à final (2020-21), que perdeu para o Chelsea em pleno Estádio do Dragão. E se o técnico procura o terceiro troféu da conta pessoal, o clube fundado em 1880 espera pelo primeiro há 143 anos e depois de 1,3 mil milhões de euros gastos em reforços na era Guardiola.

O Inter de Milão tem três Champions no museu, a última conquistada em 2010, quando a equipa de José Mourinho colocou fim a um jejum de 45 anos. Antes disso, os nerazurri tinham ganho duas sob o comando de Helenio Herrera (1964 e 1965). O que significa que Inzaghi pode tornar-se no primeiro treinador italiano a liderar o Inter rumo à glória europeia. E fazê-lo sendo o carrasco de dois portugueses. A equipa italiana eliminou o FC Porto (nos oitavos de final) e o Benfica (quartos de final) rumo à final, enquanto o City deixou para trás o Sporting (nos oitavos).

Na antevisão da partida, o treinador do Inter atirou o favoritismo para o adversário sem medo do peso das palavras e da dimensão do feito que pode conseguir. "Sabemos que temos uma oportunidade de ouro para escrever uma página de ouro na história do futebol. Sabemos que vai ser muito difícil, mas juntos, como chegámos até aqui, vamos tentar. Do outro lado está a melhor equipa do mundo, têm-no provado. Sabemos o que nos espera. Temos orgulho desta campanha, vamos fazer o máximo e precisamos de ter total concentração. Reduzir os erros e aproveitar as oportunidades serão a chave", disse o técnico, recordando que este é o 57.º jogo de uma época longa e difícil, que pode também ser gloriosa para os nerazzuri.

Tal como o técnico dos italianos, também Guardiola tem a equipa na máxima força. O treinador do Manchester City conhece o sabor da vitória, mas também sabe o que custa perder uma final e por isso não embarca em favoritismos: "Se olharmos à História, o Inter é maior do que nós. Mas isso não é importante. O que importa é ter a melhor performance possível nesta final."

O jogo de hoje será especial para Edin Dzeko, que marcou 72 golos em 189 jogos pelos ingleses entre 2011 e 2016 e agora defende as cores dos italianos de Milão. E para Lautaro Martínez, que foi campeão mundial pela Argentina e pode assim juntar-lhe a Liga dos Campeões. Só o compatriota do City, Julián Álvarez, o pode impedir de tal feito.

Quem ganhar a 64.ª final da prova rainha da UEFA juntará mais 20 milhões de euros aos prémios amealhados até aqui e quem sair vencido leva mais 15, 5 milhões.

isaura.almeida@dn.pt