
stress pós-traumático
Guerra Colonial. Os traumas herdados pelos filhos dos ex-combatentes
Passados quase 45 anos sobre o final do conflito com as colónias africanas (1961-1974) ainda há feridas que sangram. A guerra deixou marcas nos ex-combatentes que as passaram para os filhos, vítimas de stress pós-traumático secundário. Histórias de quem não combateu mas herdou outras guerras para travar.
"As piores palavras que ouvi na minha vida foram ditas pela boca do meu pai. Chamou-me de tudo, as coisas mais asquerosas que se possa imaginar." Entre os muitos insultos que o pai lhe dirigiu e as tareias que lhe deu, há uma coisa que Diana não esquece: "Um dia disse-me 'podes sair daqui e dizer que te fiz tudo, só não foste violada'. Disse-me isto na cara."
Diana não esquece, mas perdoa. Perdoou o pai na morte - porque, apesar de ter tanto medo dele que chegava a desmaiar só pela sua presença, e de ter desenvolvido uma infeção no estômago e nos intestinos porque as horas das refeições eram as piores, gostava muito dele. Era o seu pai. O melhor pai do mundo até aos 11 anos, diz. O homem carinhoso que tratava dela e a levava à escola quando a mãe estava a trabalhar. E perdoou-o porque teve coragem de lhe dizer tudo, de bom e de mau. Que ele a maltratava, que era mau, mas também que, ainda assim, o amava.
"Nunca deixei de gostar dele, era o meu pai. E havia certas particularidades que recordo com uma boa sensação. Tentei sempre mudá-lo, tentei falar com ele quando estava sóbrio ou quando não estava, a bem ou a mal, pedi-lhe que mudasse e aproveitasse a vida de outra maneira."

No Exército existem 700 deficientes militares, ou seja, homens com incapacidade igual ou superior a 30% adquirida em campanha, devido a PTSD (post traumatic stress disorder).
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