A novela do speaker em dias de novela governamental

SÁBADO

Morre o intelectual Bento XVI. E agora, Francisco?

O anúncio da sua renúncia, a 11 de fevereiro de 2013, fez história: era a primeira vez em 600 anos que um Papa abdicava do cargo. Passados quase 10 anos, a morte de Bento XVI, aos 95 anos, também pode marcar uma nova etapa para a Igreja Católica. Para trás fica um legado alvo de debate: para uns, o alemão Joseph Ratzinger foi o Papa que uniu "fé, razão, esperança e caridade", como escreveu a imprensa do Vaticano, para outros será sempre o "Rottweiler de Deus", pelo perfil tradicionalista e dogmático, em especial enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Mas as maiores críticas prendem-se com a sua incapacidade para lidar com os escândalo dos abusos sexuais cometidos ao longo de décadas por membros da Igreja Católica. A dúvida agora é se Francisco, que aos 86 anos tem revelado crescentes problemas de mobilidade, lhe seguirá as pisadas, abdicando. O próprio já o admitiu várias vezes.

DOMINGO

Lula com mensagem de esperança e governo diversificado

A "nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução", lançou Lula da Silva no seu primeiro discurso como 39.º presidente do Brasil. De volta ao Planalto depois de uma primeira passagem entre 2003 e 2011, o antigo metalúrgico vai ter tarefa difícil para governar um país profundamente dividido depois de quatro anos de presidência de Jair Bolsonaro, ainda para mais com a economia mundial afetada pelas consequências da guerra na Ucrânia. Sem o antecessor para lhe entregar a faixa, Lula surgiu em Brasília ao lado da mulher, Janja, acompanhado pela cadela Resistência, e à frente de um governo constituído por 37 ministros. Uma equipa muito maior do que a do antecessor, mas também muito mais diversa, incluindo 11 mulheres, cinco negros e dois indígenas. Um retrato do Brasil "de todos e para todos" que Lula prometer "reconstruir".

SEGUNDA

Adeus Pelosi e o bloqueio dos rebeldes ao speaker

No dia em que a democrata Nancy Pelosi se despedia de speaker da Câmara dos Representantes ninguém diria que o dia seguinte seria histórico. Kevin McCarthy perderia a primeira votação para speaker, o que não acontecia há 100 anos. O republicano, que ansiava pela hipótese de ocupar o cargo - o speaker é a terceira figura do Estado nos EUA, depois do presidente e vice-presidente -, não obteve os 218 votos necessários, ficando-se pelos 203, apesar de o seu partido ter uma maioria de 222 (em 435 membros). Os culpados? 20 congressistas da ala radical que bloquearam a eleição. Com os trabalhos da Câmara suspensos até haver speaker, McCarthy já fez cedência atrás de cedência, mas nada contenta o grupo, que mostra como vai ser difícil para o próximo speaker, seja ele quem for, controlar a rebelião no seu próprio partido. As votações continuaram, até vencer à 15.ª, mesmo assim longe do recorde de 133 em 1855.

TERÇA

CR7 no Al-Nassr: voltar a jogar e ser feliz por 500 milhões

Rodeado por Georgina e pelos filhos, foi de sorriso reencontrado e com a camisola azul e amarela do Al-Nassr que Cristiano Ronaldo apareceu no relvado do Estádio Mrsool Park para a sua apresentação no clube saudita. As palavras foram cautelosas: voltar a jogar, ser feliz e desfrutar do futebol saudita. Tudo por 500 milhões de euros, o valor do contrato milionaríssimo de dois anos e meio que assinou com o clube após a saída atribulada do Manchester United e uma não menos atribulada passagem pelo Mundial do Qatar. "Sou um jogador único, bati todos os recordes, é uma boa oportunidade, este contrato é único, mas eu sou um jogador único, por isso, é normal", afirmou. Indiferente a quem o acusa de ceder aos milhões de um país que não respeita os direitos humanos, CR7 preferiu dizer que esta é "uma boa oportunidade para ajudar a melhorar tantas coisas." Da reforma, nem falou.

QUARTA

Mariza, primeiros passos e Aristides: a MNE alemã em Lisboa

Uma União Europeia a "uma só voz" foi o que Annalena Baerbock veio pedir a Lisboa, recorrendo a um fado de Mariza para manifestar o desejo. A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã participou no Seminário Diplomático, onde defendeu a necessidade de união no apoio aos ucranianos e acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de "não ter mais nada na cabeça a não ser destruir a Ucrânia". Numa intervenção em que contou como foi em Portugal que aprendeu a andar, quando tinha um ano e meio e os pais vieram ao nosso país após o 25 de Abril, elogiou os faróis portugueses e lembrou que, apesar de estar "no fim da Europa", Portugal está "no coração da Europa". Na conferência de imprensa com o homólogo João Gomes Cravinho, mais elogios. Desta vez a Aristides de Sousa Mendes, o cônsul em Bordéus que salvou milhares da Alemanha nazi, a quem Baerbock prestou homenagem. Desejo para 2023? Paz - "temos de construir um futuro melhor."

QUINTA

Uma moção de censura e a 11.ª baixa no Governo

Que a moção de censura apresentada pela Iniciativa Liberal ia chumbar, já se sabia. Mas isso não significa que o dia de António Costa tenha sido fácil. Um dia depois da posse dos novos ministros - João Galamba e Marina Gonçalves, que assumiram as pastas das Infra-Estruturas e Habitação, após a divisão do ministério antes liderado por Pedro Nuno Santos, que se demitira a 29 de dezembro após a polémica com a indemnização da secretária de Estado Alexandra Reis - o primeiro-ministro acordava para novo escândalo. Desta vez era a acabada de empossar secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, a ser notícia por ter as contas arrestadas - conjuntas com o marido, o ex-autarca de Vinhais Américo Pereira acusado de vários crimes. "Vou demitir a mulher de alguém porque o marido é acusado?", questionaria o primeiro-ministro. Não foi preciso. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa veio lembrar que "o problema não é jurídico nem para já ético, é um peso político negativo". E Carla Alves caiu - foi a 11.ª baixa em 10 meses de governo de maioria absoluta. Será a última?

SEXTA

Cessar-fogo natalício não cala sirenes nem mísseis na Ucrânia

Eram 9h00 em ponto quando entrou em vigor o cessar-fogo decretado na véspera pelo presidente russo, Vladimir Putin. Mas esta trégua natalícia (o Natal ortodoxo celebra-se hoje), pedida pelo patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa da Rússia, e suposta durar até às 21h00 deste sábado, pouco terá durado. Horas depois as sirenes faziam-se ouvir um pouco por toda a Ucrânia. O Ministério da Defesa russo apressou-se a vir dizer que as suas tropas apenas estão a responder a ataques ucranianos desde a entrada em vigor do cessar-fogo unilateral. Do outro lado, Kiev denuncia a trégua como "um engano primitivo e cínico". E a vice-primeira-ministra alertou para a hipótese de ataques russos contra as igrejas durante o Natal ortodoxo. Ao 317.º dia de guerra, a ONU fala em 6.919 civis mortos e 11.075 feridos. Números bem aquém da realidade, como admite, e parece longe do fim.

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