Fenerbahçe: inspiração laranja para os canários amarelos

Treinador holandês Phillip Cocu é principal novidade do adversário do Benfica, uma equipa com plantel experiente que procura regressar à elite europeia.
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Se o Benfica se esforçou em reforçar o plantel às ordens de Rui Vitória para atacar a nova época que começa nesta terça-feira com a importante pré-eliminatória da Liga dos Campeões, o seu adversário europeu teve uma estratégia diferente: a equipa pouco mudou, a principal cara nova está no banco.

O holandês Phillip Cocu, de 47 anos, foi o treinador escolhido para tentar devolver os canários amarelos de Istambul, como é conhecido o Fenerbahçe, ao domínio do futebol turco e, por acréscimo, à elite do futebol europeu, numa campanha em que o Benfica aparece como primeiro obstáculo.

Três vezes campeão holandês pelo PSV Eindhoven, onde começou a sua carreira de técnico principal em 2013-14, Cocu, um antigo médio que fez parte da famosa escola holandesa do Barcelona - onde chegou a ganhar um título espanhol ao lado de Luís Figo, e sob o comando de Van Gaal e José Mourinho -, tem sido o centro de gravidade em torno do qual giram as expectativas do clube turco neste arranque de temporada.

Para já, os resultados e exibições de pré-época têm suscitado impressões mistas, com um futebol de qualidade ofensiva a coabitar com algumas fragilidades defensivas. Vitórias sobre o Cagliari (2-1), Fulham (3-0) e uma primeira parte arrasadora frente ao Feyenoord (3-0 aos 18 minutos) contrastam com uma derrota face aos suíços do Lausanne (1-2) e uns dez minutos finais horríveis com a equipa holandesa (três golos sofridos entre os 87 e os 90+6', para o 3-3 final).

Mas os jogadores têm-se desdobrado em elogios à "maior liberdade" criativa implementada pelo técnico da escola laranja. "Estamos completamente livres no campo com Cocu. Não nos incomoda, não coloca equações complicadas e difíceis. Acho que a mudança começa aqui", explica à imprensa turca o médio brasileiro Souza, que já passou pelo FC Porto, comparando os métodos do atual técnico com os que a equipa tinha sob o comando do turco Aykut Kocaman, na época passada.

"Temos um sistema diferente esta temporada e jogamos um futebol diferente. A equipa está bem e acreditamos que temos qualidade para passar o Benfica, terminar o nosso jejum na Liga dos Campeões e ganhar o título turco", acrescenta o veterano defesa eslovaco Martin Skrtel, um dos pilares de uma equipa bastante experiente, como já frisou o técnico benfiquista Rui Vitória na antevisão do jogo da primeira mão, na Luz, terça-feira.

Plantel experiente

Com uma média de idades próxima dos 27 anos, o plantel do Fenerbahçe apresenta jogadores com muitos quilómetros de alta-competição nas pernas. No setor defensivo que deve entrar em campo frente ao Benfica, só o lateral esquerdo Ali Kaldirim ainda não chegou aos 30 anos (tem 28). De resto, na baliza está o internacional turco Volkan Demirel (36 anos), no clube desde 2002, e o quarteto recuado é completado pelo chileno Isla (30) na direita e pelos centrais russo-germânico Neustadter (30) e o já citado Skrtel (33).

No meio-campo, Souza (29), que não pode defrontar o Benfica devido a castigo, e o ídolo Mehmet Topal (33) asseguram também vasta experiência, enquanto o macedónio Elmas, de apenas 18 anos, tem dado o toque de juventude nesta pré-época, surgindo já como uma aposta declarada de Cocu.

Na frente, com o espanhol Soldado e o ganês Andre Ayew (principal novidade do plantel deste ano) a contas com alguns problemas físicos, e ainda em dúvida para o jogo da Luz, Cocu tem utilizado sobretudo o turco Potuk (dois golos ao Cagliari), o brasileiro Giuliano, o francês Valbuena ou o jovem turco Alici, outra cara nova desta temporada.

Em relação à época passada, o Fenerbahçe perdeu o avançado brasileiro Fernandão, que rumou ao Al Wahda, da Arábia Saudita, o também avançado Vincent Janssen, que regressou ao Tottenham, o defesa português Luís Neto, que voltou também à casa-mãe, o Zenit.

Cocu quer tomar a iniciativa

Phillip Cocu está confiante de que a equipa de Istambul está preparada para as dificuldades nesta primeira mão da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, naquele que será o seu primeiro jogo oficial à frente do Fenerbahçe.

"Houve uma mudança muito grande, mas estou contente com o trabalho do grupo e a forma como jogámos nos últimos jogos. Confiamos nas nossas capacidades", referiu o treinador holandês, em conferência de imprensa no Estádio da Luz.

Cocu garante que a equipa turca não se vai apresentar em jogo apenas preocupada em não sofrer golos ou defender um bom resultado para o jogo da segunda mão, onde contará com o apoio dos fervorosos adeptos turcos. "Há que defender sempre bem. Mas não podemos pensar só em defender. Queremos tomar a iniciativa do jogo e jogar ofensivamente e ser criativos. Vamos tentar", disse.

Segundo na Super Lig turca na temporada anterior, a três pontos do campeão Galatasaray, com o qual disputa o domínio histórico interno (19 títulos de campeão contra 21 do "Gala"), os canários amarelos de Istambul não ganham o campeonato nacional desde 2013-14 e não entram na fase de grupos da Liga dos Campeões desde 2008-09.

Benfica de más memórias

O Benfica surge assim como primeiro obstáculo ao primeiro grande objetivo da época para o clube turco. De resto, o clube da Luz tem tido uma presença significativa em momentos importantes da história europeia do Fenerbahçe. E nunca, até agora, deixou boas memórias ao clube turco.

Em 1975-76, na primeira eliminatória da então Taça dos Campeões, o Benfica impôs-lhe mesmo a maior derrota europeia da sua história, com uma goleada por 7-0 na primeira mão, na Luz (hat tricks de Nené e Jordão, depois de Shéu ter aberto o marcador), que tornou insignificante a vitória turca de 1-0 na segunda mão. Em 2012-13, o Fenerbahçe teve a sua melhor campanha europeia de sempre, chegando às meias-finais da Liga Europa, onde caiu perante o... Benfica de Jorge Jesus, que perderia a final para o Chelsea.

Como será desta vez? É o que veremos a partir das 20.00 desta terça-feira. Em jogo está a possibilidade de cada uma das equipas continuar a sonhar em meter a mão nos milhões (40, no caso do Benfica) da Liga dos Campeões - ficando ainda a faltar um playoff final, depois desta eliminatória.

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