"A relação pessoal é fundamental em política. E talvez por isso gostei muito do doutor Mário Soares". E nessa altura, lembra Jardim, "vendia-se muito a ideia do separatismo, o que é uma tontice e que eu não subscrevo, nem subscrevi. Nem antes, nem agora. Tínhamos uma boa relação, até convidei o doutor Soares para uma visita oficial. Correu bem. E ele tinha um piadão. Veio com o Almeida Santos, que foi um homem que ajudou muito a Madeira, e a certa altura nas conversações, na reunião, o doutor Soares que 'tava dormindo (dava-lhe aquelas pancadas de sono depois do almoço), acorda e começa a escrever, a escrever, a escrever... e eu digo p'ro Nélio Mendonça [o secretário da Saúde]: 'O Soares não está ouvindo nada e agora está escrevendo, escrevendo'. O Nélio diz-me que deve ser o comunicado final. E eu: 'Ó homem, mas isto ainda não acabou!' De repente, o Soares interrompe a reunião e diz: 'Tenho aqui uma coisa que gostava que lessem para ver se estão de acordo'. E olhe, não é que era mesmo o comunicado final!".