Internacional
31 maio 2023 às 22h09

Sánchez lança campanha contra a "direita extrema e a extrema-direita"

Primeiro-ministro, num discurso a deputados e senadores socialistas, disse que não há distinção entre o Partido Popular e o Vox.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, defendeu ontem a decisão de antecipar as eleições legislativas para 23 de julho, após o desaire dos socialistas nas municipais e autonómicas. Num discurso aos deputados e senadores do PSOE, lembrou que não podia continuar como se nada tivesse acontecido e deu o pontapé de saída para a luta que se avizinha. "Quando falam em revogar o sanchismo, o que o PP [Partido Popular] e o Vox procuram é destruir e desmantelar o conquistado", avisou Sánchez, que deixou claro que "não há distinção alguma entre o PP e o Vox", falando em "direita extrema e extrema-direita"

Aplaudido como se tivesse tido uma grande vitória eleitoral no domingo, Sánchez defendeu que era preciso adiantar as eleições para "clarificar a situação" e deixar que "os espanhóis tomem a palavra e se pronunciem" sobre o futuro. O líder socialista alegou que "o que se decidir a 23 de julho vai ser decisivo para Espanha e afetará a próxima década", pedindo para os próximos quatro anos "contar com um apoio forte e contundente".

O primeiro-ministro avisou ainda que "a tempestade vai ser tremenda", referindo-se à campanha eleitoral que considera que será de "insultos e mentiras". Defendeu que a oposição vai "inventar atrocidades", copiando "os métodos dos professores norte-americanos" - os mesmos que lançaram uma "multidão enfurecida contra o Capitólio" - com o objetivo de fazer a esquerda "baixar os braços" e "desmobilizar maiorias".

Sánchez disse quais são os desafios pela frente: "A direita extrema e a extrema-direita estão fortalecidas e têm fontes poderosas, sabem a quem servem, têm mais meios, mais recursos e não têm vergonha de lançar falsidades e traficar mentiras", afirmou. "Peço-vos que mantenham a calma, a determinação, que respondam a esta catarata de insultos e mentiras com argumentos, e às falsidades, com dados", acrescentou.

Um discurso forte onde questionou qual é a alternativa ao PSOE: "Ortega Smith [vice-presidente do Vox] a desprezar uma mulher em cadeira de rodas que foi vítima de violência de género representa Espanha? [A presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz] Ayuso a pôr vasos [de plantas nas varandas] contra as alterações climáticas parece-se com Espanha? Parece-se a Espanha [o líder do PP, Alberto Núñez] Feijóo a premiar os jovens com melhores notas com uma mala para que se vão da Galiza? [O líder do Vox, Santiago] Abascal a exigir acabar com o direito das mulheres a abortar? Eu acho que Espanha é muito melhor que tudo isso. Devemos lutar porque o nosso país merece o melhor e porque estou convencido de que tudo isto que disse não representa Espanha", afirmou Sánchez.

Entretanto, no Cercle d"Economia de Barcelona, Feijóo defendeu que o objetivo do PP para as legislativas é ter "maioria suficiente" para governar, recusando falar de alianças com o Vox. E lembrou que as maiorias absolutas são possíveis. "Por que dizem que não há maiorias absolutas? Garanto-vos que dentro da minha abordagem política não vou perder um minuto a explicar o que não é o meu objetivo", referiu na visita à Catalunha.

susana.f.salvador@dn.pt