Trabalhadores da CP mantêm greve às horas extra e feriados
Os trabalhadores do setor ferroviário vão continuar em greve às horas extraordinárias e feriados pelo menos até fevereiro, disse à agência Lusa o coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira.
Várias centenas de trabalhadores da CP concentraram-se hoje no Largo Camões, em Lisboa, para exigir "mais dignidade" nas suas condições laborais, depois de um desfile que partiu da sede da administração da empresa de caminhos-de-ferro, na Calçada do Duque.
Em declarações à Lusa, José Manuel Oliveira disse que esta manifestação "não é o fim", é antes "o princípio de um novo ciclo de luta neste setor", acrescentando que a greve às horas extraordinárias e aos dias de feriado está convocada "até ao final do mês" e que "estão a ser entregues os pré-avisos de greve para fevereiro".
"Esta é uma luta que nós não queremos, mas também não a tememos. Achamos que não é uma luta que os utentes mereçam e era de bom que o ministro [da Economia, Álvaro Santos Pereira, que tutela a CP] e o Governo deixassem de estar numa posição de 'eu quero, posso e mando' e ouvissem o que os trabalhadores têm a dizer", sublinhou José Manuel Oliveira.
Para o coordenador da Fectrans, uma estrutura que pertence à Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP), a manifestação de hoje foi "impressionante" e "excedeu as expectativas".
O protesto - disse - demonstra aos governantes que "é preciso ter em atenção os protestos das pessoas [e que] é preciso que o Governo desenvolva uma política a olhar as pessoas, e não os interesses económicos e financeiros".
Em causa está a perda salarial e o "incumprimento" dos acordos de empresa bem como o "futuro incerto dos caminhos-de-ferro enquanto setor público ao serviço da economia nacional, os salários e a perda de dimensão salarial que se tem verificado e que ainda não acabou", tinha já avançado o dirigente sindical.
A iniciativa de hoje mobilizou várias centenas de trabalhadores ativos e reformados da CP, que, mesmo debaixo de chuva, quiseram manifestar-se.
Entre bandeiras e faixas, alguns recados: "Contra a extinção de postos de trabalho e o encerramento de linhas", "Pela responsabilização criminal e cível da gestão danosa" e "Pelo cumprimento dos acordos de empresa".
