Manuel Alegre critica redução de salários dos políticos
Portas avançou, Sócrates 'aceitou' e ex-deputado criticou. Está lançado o debate em torno da diminuição dos vencimentos.
"Baixar os salários dos políticos não tem significado nenhum. É uma medida populista. Mais significativos são os salários dos gestores de empresas públicas, que são um escândalo." Foi esta a reacção do pré-candidato presidencial Manuel Alegre, quando questionado pelo DN sobre a sugestão que Paulo Portas fez ontem a José Sócrates na Assembleia da República.
O presidente do CDS/PP desafiou o primeiro-ministro a "tocar no seu próprio salário" para reforçar a "autoridade política" que precisa para congelar os salários na função pública. Na resposta, Sócrates considerou a medida "demagógica e populista", mas garantiu: "Não me importo nada de reduzir o meu salário. Não contará com a minha oposição. Tenho o maior gosto de contribuir com o meu 13.º mês." Sócrates disse mesmo que, se o CDS avançar com essa proposta, esta "não contará com a minha oposição".
O primeiro-ministro colocou assim a "bola" do lado do CDS, que, através do seu líder parlamentar Pedro Mota Soares, disse que ainda não se quer pronunciar sobre se vai avançar com a proposta, uma vez que "o Orçamento ainda não está na especialidade".
O CDS estima que a redução dos salários de "ministros, deputados, Presidente da República, e autarcas" venha a render cinco milhões de euros. Ou seja, o objectivo é mesmo "dar o exemplo".
E se Alegre considera a medida pouco eficiente, o mesmo não acontece com um outro conselheiro de Estado. Anacoreta Correia está de acordo com a medida, pois "numa altura de crise, o País deve ter sinais, de quem tem o dever de dar esses sinais. Para exigir congelamento, é indispensável que o primeiro passo para os sacrifícios seja dado pelos políticos".
Porém, a ideia não é nova. Já em Janeiro, em entrevista ao Expresso, o candidato à liderança do PSD, Pedro Passos Coelho, manifestou a intenção de "reduzir os salários dos políticos em 5 ou 10%".
