Airfree exporta purificador do ar para 47 países
Aparelho foi concebido por uma pequena empresa portuguesa e é utilizado em hospitais, bibliotecas, infantários e hotéis.
A história da AirFree, uma pequena empresa portuguesa que exporta para 47 países, é o exemplo acabado de que a necessidade aguça o engenho. Há 10 ou 15 anos, nada faria crer que Carlos Matias, arquitecto de formação, haveria de patentear um purificador de ar, único no mundo,com capacidade para matar bactérias e vírus, como o H1N1, responsável pela gripe A, mas também para combater alergias.
Hoje, os aparelhos da Airfree estão presentes na Torre do Tombo, Emeroteca de Lisboa, mas também em hospitais dos Estados Unidos e das Filipinas, hotéis e câmaras frigoríficas no Dubai, grandes indústrias, instalações agro-pecuárias, escritórios, escolas e infantários, um pouco por todo o mundo. Só no que respeita a aparelhos de uso doméstico e escritórios, a expectativa de vendas para este ano é superior a 100 mil aparelhos. Números que fazem com que, cinco anos depois de lançada, a empresa já tenha alcançado os objectivos da primeira década.
Tudo começou com a alergia do seu filho Daniel aos ácaros e ao mofo, que lhe provocavam intensas crises alérgicas. "Cada vez que iamos para a casa de praia, que ficava fechada muito tempo, tinhámos de tirar cortinas e carpetes, porque ele ficava em muito mau estado", conta ao DN Carlos Matias. Foi então que o arquitecto, com várias habilidades inventivas e patentes registadas, começou a desenvolver um sistema que pudesse ferver o ar- para matar as bactérias -, mas sem o aquecer.
Assim nasceu a tecnologia TSS (sistema de esterelização termo-dinâmica), "a única que destrói, pelo calor, todos os micro-organismos do ar: vírus, bactérias e fungos, sem libertar qualquer sub-produto para o ambiente, como o ozono, íons e outros".
Na versão doméstica, o aparelho é de reduzidas dimensões, parecido a uma máquina de café, que contém 38 tubinhos com 3 milímiteros de diâmetro que funcionam como chaminés. Ou seja, o ar quente, que pode atingir os 200 graus, sobe na vertical, criando-se uma pressão negativa que aspira o ar contaminado num ciclo contínuo, explica o administrador da empresa.
Uma particuldade reside no facto de o aparelho quase não gastar energia, pois não necessita de ventilação, ela faz-se naturalmente, o ar fervido sai, entra o contaminado, que volta a sair "limpo".
Como admite o empresário, que divide a actividade entre Portugal e Brasil, o sistema foi desenvolvido por tentativas. "Contámos na fase incial com o o apoio do Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI) que não só testou como certificou a eficácia dos aparelhos", diz. Uma situação estudada com sucesso foi a capacidade do aparelho ser eficaz numa área de 40 metros quadrados com 2 metros de altura, pessoas a entrar e a sair e ar condicionado ligado. Isso torna o purificador de ar indicado para escritórios ou espaços comerciais, que precisam de vários purificadores.
"Em Portugal, só nó último trimestre é que a procura começou a aumentar", talvez por eliminar o vírus da gripe A, obviamente desde que este esteja no ar próximo de um purificador. "A maioria dos vírus morre quando exposta a uma temperatura de 70 graus e nenhum, nem o H1N1, resiste aos 200 graus", diz Carlos Matias.
Até agora, mais de 90% da produção da empresa, para a qual trablham quatro fábricas, destina-se ao mercado externo, em especial Estados Unidos, Inglaterra, países do Médio Oriente e da Ásia.