Presidente legitimou que os mal intencionados pensem que ele desejou a crise política
O presidente do PS considera que a "passividade" e "silêncio" de Cavaco Silva nos dias que antecederam a crise legitima que os mal intencionados pensem que o chefe de Estado desejou mesmo a crise política.
A posição de Almeida Santos foi assumida em entrevista à agência Lusa, depois de questionado sobre a actuação do Presidente da República antes da abertura da crise política em Portugal. "O Presidente da República levou longe demais a sua passividade e o seu silêncio em relação à crise política, porque, no mínimo, deveria ter mandado uma mensagem à Assembleia da República. Li que [Cavaco Silva] considerou que não teve tempo, mas uma mensagem à Assembleia da República demora meia hora a redigir", observou o ex-ministro dos governos de Mário Soares.
Para Almeida Santos, esta alegada passividade de Cavaco Silva "não é compreensível". "O Presidente da República correu o risco de os mal intencionados - que não é o meu caso, porque nunca o acusaria disso -- pensarem que o seu silêncio teve por explicação ele desejar a crise. Não penso isso, mas ele legitima que se tenha pensado nisso", disse, antes de se manifestar incrédulo com a actuação do Presidente da República.
"Então o Presidente da República teve pela frente uma crise desta gravidade e não teve uma palavra para o país, uma palavra para a Assembleia da República, não chamou os partidos e não convocou o Conselho de Estado? Temos de reconhecer que foi de uma passividade excessiva", considerou, antes de isentar o Governo de erros ao nível dos procedimentos na elaboração do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC).
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"José Sócrates disse -- e não foi desmentido -- que, embora por telefone, falou com Pedro Passos Coelho, que depois não se mostrou minimamente aberto para participar em diligências. Por outro lado, José Sócrates agiu nesta conjuntura sob um clima de urgência e ainda segunda-feira referiu que nunca antes de apresentar os outros PEC falou com alguém - e desta vez falou com Pedro Passos Coelho", justificou o presidente do PS.