Moção de censura seria "clarificação do PS", diz Jerónimo
Secretário-geral do PCP diz que o Governo "já não tem cura" e mantém aberta a porta à apresentação de uma censura parlamentar. E vinca que os socialistas "não querem derrotar a direita", mas antes "entender-se com ela".
Jerónimo de Sousa desfilou na manhã desta sexta-feira pelas ruas do Barreiro ao lado de João Ferreira e, entre várias solicitações da população - uma das quais de um senhor que ofereceu Moscatel de Setúbal ao secretário-geral do PCP e ao cabeça de lista da CDU às eleições europeias -, renovou as críticas ao PS. Desta feita, com a hipótese de apresentação de uma moção de censura ao Governo em cima da mesa, o líder comunista foi contundente.
"Não estamos a colocar nenhuma obrigação aos outros partidos, o que estamos a exigir é uma clarificação. O PS gosta de se assumir como oposição, mas não tem feito grande coisa para fazer frente a esta política e a este Governo. De qualquer forma, é um momento que seria de clarificação", atirou Jerónimo de Sousa, desafiando António José Seguro a dizer o que quer depois do sufrágio de domingo.
O secretário-geral do PCP, que já tinha aberto a porta à censura ao Executivo, salientou que as eleições de domingo poderão vir a demonstrar a "redução da base social e política de apoio" a PSD e CDS, enfatizando, ao contrário do que têm dito os candidatos da "Aliança Portugal", que o escrutínio terá "inevitavelmente um significado nacional" para um "Governo que não tem cura".
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Confrontado com o facto de a moção não ser mais do que um instrumento simbólico, visto que sociais-democratas e centristas dispõem da maioria na Assembleia da República, e se esperaria um sinal de Cavaco Silva, Jerónimo foi assertivo: "Não confio em grandes rasgos do Presidente da República, mas uma moção tem sempre uma dimensão política".
Já na intervenção no final da arruada, que mobilizou algumas centenas de populares, o líder comunista retomou as críticas ao PS, sublinhando "os acordos parlamentares ou governamentais [dos socialistas] com o PSD". "O PS não quer derrotar a direita, quer entender-se com ela", rematou para apelar ao voto na CDU, "a força que só tem uma cara e uma palavra".
Por sua vez, João Ferreira insistiu na reposição dos rendimentos dos trabalhadores e dos reformados para pedir "clareza" e a eliminação das "ambiguidades" do discurso do partido "rosa".