Santos Ferreira assegura vitória mas falta garantir pacificação
A vitória de Carlos Santos Ferreira para a presidência da administração do BCP está praticamente garantida. Os principais accionistas do maior banco privado português deverão votar hoje a eleição da lista deste candidato, com uma percentagem de votos confortavelmente distante do seu rival, Miguel Cadilhe. Os apoios que se confirmaram na última semana, a par da ausência de manifestações de voto em Cadilhe, permitem concluir que Santos Ferreira conseguirá eleger a sua equipa - composta ainda por Armando Vara, Vítor Fernandes, Paulo Macedo, José João Guilherme, Luís Pereira Coutinho e Nelson Machado - para gerir o BCP até 2010. Miguel Cadilhe entrou mais tarde da corrida - com uma equipa formada por Bagão Félix, Bastos Gomes, Meira Fernandes, Carlos Alcobia, Carvalho Neves e Rui Horta e Costa - avançando com a sua proposta de equipa a 30 de Dezembro, numa altura em que Santos Ferreira já contabilizada votos de peso. De então para cá, o ex-ministro das Finanças foi dizendo que ia "crescentemente" recebendo apoios, sem nunca avançar com nomes. Este candidato conta apenas com uma "vaga de fundo", junto de muitos pequenos accionistas, como a última manifestação vinda do presidente do Sindicato dos Quadros e Técnicos Bancários, Afonso Diz. Santos Ferreira, por seu lado, contará com os votos de accionistas de referência do BCP, que deverão ascender a 50% do capital e, portanto, uma maioria expressiva numa assembleia geral (AG) onde costuma afluir cerca de 70% do capital do banco. Eureko (9% do capital do BCP), Banco BPI (7,9%), Joe Berardo (6,8%), Teixeira Duarte (6,1%), Sonangol (5%), EDP (2,9%), Moniz da Maia (2,7%) são alguns dos que já manifestaram o seu apoio ao ex-presidente da CGD. Mas se Santos Ferreira já ganhou a presidência do BCP, não é certo que tenha alcançado a pacificação do banco. O alargamento do conselho geral e de supervisão (CGS) do banco e a eleição de um novo conselho de remunerações e previdência, a ser presidido por Joe Berardo, vão ser alguns dos pontos que deverão dividir os accionistas. Até à última da hora, antes da AG de hoje, vão decorrer reuniões com vista a conseguir-se consensos nestes dois pontos, com alguns apoiantes de Santos Ferreira a tentarem que a Sonangol , a proponente, os retire de votação. A incógnita da reunião está, pois, centrada nesta questão. Caso tal aconteça, o alargamento do CGS deverá voltar a uma futura reunião magna, provavelmente a AG ordinária de Março. Ontem, os administradores da era Jardim Gonçalves despediram-se das suas funções através de um comunicado onde afirmam estar confiantes que os accionistas do BCP encontrem, na assembleia de hoje, a solução para a continuidade do banco. E que ponha fim à crise institucional que o banco vive.