Volkswagen caiu de segundo para quinto lugar em vendas
Gigante alemã teve crescimento residual em outubro e foi ultrapassada por Peugeot, Mercedes e BMW. Renault é a n.º 1
Outubro foi o primeiro mês completo de vendas de carros depois de conhecido o esquema fraudulento da Volkswagen. E o resultado foi o esperado: um abrandamento no crescimento da marca alemã em Portugal, quando existem 117 mil proprietários à espera de ser chamados às fábricas.
Segundo a ACAP - Associação Automóvel de Portugal, foram vendidos em outubro 1174 veículos ligeiros de passageiros da marca alemã. O número até é superior ao registado em setembro (1159), mas numa comparação com as vendas de há um ano teve apenas um crescimento residual de 1%.
Esta posição contrasta com a registada ao longo deste ano, quando a fabricante chegou a crescer mais de 50% num único mês (56,6% em março) face ao período homólogo.
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O número de veículos vendidos desde que a marca admitiu a instalação de um software manipulador de emissões poluentes, na última semana de setembro, foi nestes dois meses (setembro e outubro) o mais baixo de todo o ano, com 1159 e 1174 veículos vendidos, respetivamente. Só em janeiro de 2015, um mês tradicionalmente mau para o comércio, por suceder às festas de dezembro, a VW tinha vendido menos carros.
E o peso da marca numa ótica de opção das famílias também caiu. Em outubro de 2014, a VW era a segunda marca mais vendida em Portugal, neste outubro foi quinta, depois da Renault, Peugeot, Mercedes e BMW, empresas fora do Grupo VW. Desta forma, a quota da marca - peso das vendas em relação às vendas totais - recuou, em outubro, de 9,85% para 8,57%, de acordo com as estatísticas da ACAP divulgadas ontem. Esta redução também se verifica nas vendas acumuladas entre janeiro e outubro - acumulado do ano -, em que houve uma descida do peso no mercado para 9,53%. Apesar disto, no total do ano, ainda ocupa a segunda posição. Se analisado o total das vendas - ligeiros e comerciais -, a VW caiu 3,2%, para 1290 carros vendidos em outubro. No mesmo mês de 2014 tinham sido vendidos 1332.
Nas marcas do Grupo Volks-wagen o cenário é animador, com um crescimento geral das vendas liderado pela Audi. Se em setembro a marca tinha crescido 38,9%, para 711 carros vendidos, em outubro aumentou 39,7%, para 883 carros. A Seat é a grande exceção do grupo, tendo recuado 31,9%, dando continuidade ao que já havia acontecido em setembro (-7,5%).
Em outubro, a venda global de automóveis ligeiros de passageiros voltou a aumentar. De acordo com as estatísticas mensais da ACAP, o mercado de veículos ligeiros cresceu 16%, em outubro, face ao mesmo mês do ano anterior, para um total de 16 475 veículos. Há, ainda assim, "uma desaceleração face ao crescimento verificado nos últimos meses", refere a Associação Automóvel de Portugal.
Fraude também pode ser fiscal
O crescimento das vendas de carros nos dez primeiros meses do ano ascende já a 26,6%, um total de 176 078 carros comercializados. Esta subida acompanha um momento de maior disponibilidade das famílias para a aquisição de bens duradouros e da banca para a concessão de crédito. No entanto, a Associação recorda que houve uma ligeira redução do mercado em outubro. O problema da maquilhagem das emissões de carbono poderá ganhar novos contornos. A Volkswagen, refere a Bloomberg, identificou 800 mil carros nos quais as emissões de CO2 são superiores ao anunciado, o que, no limite, poderá influenciar o valor dos impostos pagos pelos seus proprietários. No caso de Portugal, tanto o ISV (Imposto sobre Veículos) como IUC (Imposto Único de Circulação) são taxados em função destas emissões.
"Durante as investigações internas foram encontradas inconsistências inexplicáveis ao determinar os níveis de CO2", refere a marca num comunicado citado pela agência internacional, acrescentando que "vai envidar esforços para clarificar a situação o mais rapidamente possível e assegurar a correta classificação para os veículos afetados".
À luz do que sabe atualmente, a marca refere que existem 800 mil carros com este problema. No entanto, não descreve que países podem ter sido afetados. Esta confissão acontece no dia em a VW rejeitou ter o software problemático em motores 3.0.