Trabalhadores reúnem-se com governo em véspera de greve na PT

Sindicatos pedem intervenção do governo, considerando "fraudulentas" as transferências de trabalhadores. Greve está marcada para dia 21

A PT Portugal rejeitou "liminarmente qualquer acusação de assédio moral" na empresa e de qualquer ilegalidade no processo de transmissão de estabelecimento que, só num mês, levou à redução de 155 trabalhadores. "Rejeito liminarmente qualquer acusação de assédio moral, não estamos a fazer nenhum assédio moral", disse Paulo Neves, chairman e CEO da PT Portugal, na Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social.

Paulo Neves diz que "a transferência de estabelecimento apenas pretende tirar" áreas de negócio "que não são core" para a empresa, justificando estas medidas como estando inseridas no processo de agilização da dona do Meo. Uma visão que não é partilhada pelos trabalhadores que já convocaram para dia 21 uma greve na operadora e pedem a intervenção do governo. Na véspera da greve, os sindicatos reúnem-se com o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Cabrita. "Queremos a intervenção do ministério e mostrar que não pode ser este o caminho que a PT está a levar", diz Jorge Félix, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da PT. Que recetividade o pedido dos trabalhadores vai ter junto do executivo não se sabe - afinal trata-se de uma empresa 100% controlada por um grupo privado - mas no debate do Estado da Nação, António Costa mostrou-se preocupado com a situação vivida na operadora onde trabalham 9500 pessoas. "Receio bastante que a forma irresponsável como foi feita aquela privatização [pelo anterior governo PSD/CDS-PP] possa dar origem a um novo caso Cimpor, com um novo desmembramento que ponha não só em causa os postos de trabalho como o futuro da empresa", disse o primeiro-ministro.

Os sindicatos classificam de "fraudulento" os processos de transmissão de estabelecimento até aqui já efetuados: os trabalhadores são transferidos para empresas terceiras, sem necessidade do seu consentimento. "Mesmo que a Lei do Trabalho permita isso, o que a empresa está a fazer é fraudulento. As pessoas ficam no mesmo local de trabalho, a fazer o mesmo trabalho, com os instrumentos da PT. Só muda é a empresa com quem passam a ter um vínculo laboral", diz Jorge Félix. Situação possível dada uma lacuna na lei laboral. Uma lacuna que o PCP e o BE já disseram que estão dispostos a rever. José Soeiro, do BE, foi ao protesto junto à sede da PT, em Picoas, para dizer isso mesmo: "Admitimos uma iniciativa legislativa para blindar a lei."

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