Há menos pessoas à procura de casa, mas preço continua a subir

Neste verão, o número de novos contratos de arrendamento caiu 5,5%, impulsionado pela menor procura nas grandes cidades. Valor das rendas subiu 7,6%.

O mercado de arrendamento habitacional está a começar a dar sinais de arrefecimento. Neste verão, foram celebrados 22 138 novos contratos no país, uma quebra de 5,5% face ao período homólogo do ano passado. Este movimento de contração foi impulsionado pela menor procura nas zonas urbanas do país, mas os valores medianos das rendas não acompanharam esta evolução. Continuaram em alta no terceiro trimestre, com uma subida homóloga de 7,6%, apesar de se verificar um decréscimo de novos contratos em 17 dos 24 concelhos portugueses com mais de 100 mil habitantes e em 15 deste universo registar-se uma descida superior à verificada a nível nacional.

Em Vila Nova de Gaia, concelho da Área Metropolitana do Porto, os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística dão nota de uma quebra de 20,5% no número de novos contratos de arrendamento, a maior entre os 24 concelhos mais populosos do país. Segue-se Setúbal, onde se verifica uma descida de 15,2%, Loures, com uma queda de 14,2%, e Sintra, com menos 14,1%. Lisboa e Porto não escapam a esta tendência, com a capital a ver o mercado de arrendamento a contrair 13,3%, e o Porto a assinalar uma quebra menor, mas acima da nacional, de 8,9%.

Contrariando a lei da oferta e da procura, os valores das rendas por metro quadrado continuaram a apresentar aumentos homólogos, tendo na globalidade do país atingido os 6,55 euros, que traduz um crescimento de 7,6%, como já referido. No universo das cidades com mais de 100 mil habitantes, todas observaram incrementos superiores e só Famalicão viu o valor mediano dos arrendamentos cair, numa variação homóloga negativa de 0,6%. As maiores subidas ocorreram em Barcelos (mais 25,5%), Funchal (20,2%), Cascais (20%), Braga (17,4%) e Guimarães (16,4%). Em Lisboa, o incremento foi de 16% e, no Porto, atingiu os 10,5%.

No terceiro trimestre deste ano, os cinco concelhos com o valor do metro quadrado mais elevado do país foram - sem surpresas - Cascais (13,63 euros), Lisboa (13,18 euros), Oeiras (11,79 euros), Porto (10 euros) e Almada (9,2 euros).
No período em análise, as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto concentraram quase metade dos novos contratos de arrendamento, precisamente 49,8%, evidenciando uma ligeira descida face ao segundo trimestre, quando responderam por 52,3% do mercado. Entre julho e setembro, o valor das rendas na AML atingiu os 10,16 euros por metro quadrado, uma subida de 12,6%, e 7,27 euros na AMP, mais 9,2%.

Recorde-se que no próximo ano a atualização das rendas terá o limite de 2%. O governo instituiu este travão - de outra forma, o aumento seria de 5,3%, em resultado da inflação média registada em agosto sem habitação - como medida de apoio às famílias para diminuir os efeitos do aumento do custo de vida. Em novembro (últimos dados disponíveis), a inflação atingiu os 9,9%.

Ontem o portal Imovirtual também divulgou um estudo que dá conta de contínuas subidas nos valores de arrendamento. Segundo os dados da plataforma, o valor da renda média no país atingiu os 1405 euros neste quarto trimestre, um aumento de 360 euros face ao mesmo período de 2021. O distrito de Lisboa já está acima dos dois mil euros (média), seguindo-se o Porto (1267 euros), Faro (1167), Évora (1167) e Setúbal (1157). Com valores mais atrativos, encontram-se Portalegre (378 euros) e Guarda (485). Já o mercado de arrendamento em Évora está ao rubro. O distrito registou um aumento exponencial de 99,2%, com o valor da renda a aumentar de 586 euros para 1.167 euros no espaço de um ano.

Sónia Santos Pereira é jornalista do Dinheiro Vivo

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